Tuxaua bolsonarista adere a ato em frente ao Exército em Roraima

Em seu discurso, Lupedro Moraes fez referências veladas a Lula e o PT e pediu intervenção das Forças Armadas no comando do País

O tuxaua indígena Lupedro Moraes aderiu ao acampamento montado desde segunda-feira (31), em frente à primeira Brigada de Infantaria de Selva, em Boa Vista, no qual os manifestantes pedem “intervenção federal” embora ainda não tenham obtido resposta concreta dos militares. Em discurso na tarde deste domingo (6), Moraes discursou para dezenas de pessoas que os povos indígenas estão “lutando pela pátria”.

“Vocês são tão brasileiros quanto nós. E nós vamos fazer essa diferença. Saibam que nós, indígenas, não estamos lutando por causa de um homem. Nós estamos lutando por causa da nossa pátria, nossa pátria verde e amarela”, declarou ele, que foi eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PL) e que, no primeiro turno, concorreu ao cargo de deputado federal pelo PTB, obtendo 74 votos.

Indígena da etnia Macuxi, Lupedro Moraes é tuxaua da comunidade Volta do Teso, no Município de Normandia, a 180 quilômetros da capital Boa Vista. Em sua cidade, o presidente recebeu 58,20% dos votos válidos contra 41,80% de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno.

O professor de Matemática também é conhecido por ter presidido, de 2010 a 2015, a Sodiurr (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima) – organização que, atualmente defende, que indígenas explorem minérios em suas terras, um tema defendido por Bolsonaro, mas combatido por entidades, como a Hutukara Associação Yanomami, que representa os indígenas yanomami.


Imagem compartilhada no Facebook mostra Lupedro Moraes ao lado de Bolsonaro (Foto: Facebook)

Em seu discurso neste domingo, Lupedro Moraes fez referências veladas a Lula e o PT, ao dizer que “nas nossas veias não corre o sangue vermelho, nas nossas veias corre o sangue verde e amarelo”, e pediu intervenção das Forças Armadas no comando do País.

“Forças Armadas, tomem conta do Brasil enquanto é tempo, tomem conta do Brasil enquanto há tempo de fazer isso, porque depois que nós tomarmos a decisão, nós indígenas, nós vamos tomar conta desse País, haja o que houver, porque nós somos acostumamos a viver e morrer pelos nossos filhos, pela nossa gente”, declarou.

O ato, que tem apoio principalmente de empresários locais, não tem uma única liderança e eles afirmam não ter previsão para acabar. Enquanto isso, o grupo serve água e comida gratuitamente aos manifestantes. Há faixas espalhadas pela via em frente ao quartel, a avenida General Sampaio, no bairro Marechal Rondon, com dizeres como “O Brasil não será uma Venezuela!”, “SOS Forças Armadas” e “Intervenção Federal Já” – neste último caso, adesivos têm sido pregados em veículos estacionados (em alguns casos, sem autorização do proprietário). O fluxo de veículos segue normalmente na via.

Um pastor, que tem comandado os discursos, tem reiterado falas como “Forças Armadas, salvem o Brasil” e orientado os manifestantes a retirar quaisquer camisas e acessórios que aludem a Bolsonaro, para não “invalidar” o protesto “pela família e pelo Brasil”.

Veja o discurso de Lupedro Moraes