CNBB reprova 'exploração da fé e religião' durante o segundo turno

Sem mencionar candidatos, a organização reprova o uso de "momentos especificamente religiosos" por candidatos "para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamentou o uso da religião como forma de angariar votos no segundo turno. Por meio de nota divulgada nesta terça-feira, 11, a CNBB afirmou que a manipulação religiosa “desvirtua valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que precisam ser debatidos e enfrentados no País”.

Sem mencionar candidatos, a organização reprova o uso de “momentos especificamente religiosos” por candidatos “para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições”. “Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral”, afirma.

O Estado brasileiro é laico. A Lei das Eleições (Lei 9.504/97), inclusive, proíbe a veiculação de propaganda eleitoral em templos religiosos

O segundo turno das eleições para presidente tem sido marcado por “guerra santa” travada em torno de temas religiosos nas redes sociais. Enquanto bolsonaristas espalharam um vídeo sobre o suposto apoio de um influenciador satanista a Lula, opositores de Bolsonaro resgataram uma gravação antiga do presidente em uma loja maçônica, passaram a se infiltrar em grupos e espalhar desinformação.

Bolsonaro costuma chamar a eleição de “luta do bem contra o mal” e criticar o que chama de “fechamento de igrejas” na pandemia de covid-19, reforçando a pauta religiosa da sua campanha. Já Lula, acusa Bolsonaro de tentar manipular a boa-fé de evangélicos e chegou a declarar que o presidente é “possuído pelo demônio”.

LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA DA CNBB:

“Existe um tempo para cada coisa” (Ecl. 3,1)

Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos.

A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.

Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo – Arcebispo de Belo Horizonte (MG)- Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler – Arcebispo de Porto Alegre (RS) – Primeiro Vice-presidente da CNBB

Dom Mário Antonio da Silva – Arcebispo de Cuiabá (MT)-  Segundo Vice-presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado- Bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)- Secretário-geral da CNBB