PURA CIÊNCIAS

Peixes e parasitas: alunos roraimenses apresentam pesquisa em maior feira científica da América Latina

Professor Thiago Yamada incentivou os alunos a apresentarem pesquisa para todo o Brasil. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)
Professor Thiago Yamada incentivou os alunos a apresentarem pesquisa para todo o Brasil. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Qual o risco de comer um pescado e acabar contaminado com verme, ainda mais em um estado de alto consumo de peixe? É isso que três alunos da Escola Estadual Monteiro Lobato irão apresentar na 38ª Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), maior feira científica da América Latina, de 24 a 26 de outubro, em Nova Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

A pesquisa é voltada para a presença de endoparasitas em peixes comercializados na Feira do Produtor. O estudo, realizado entre março e setembro de 2022, coletou amostras do Tambaqui, Pacu, Cará, Piau, Curimatã, Tucunaré e Jacari, para analisar a existência de vermes em peixes roraimenses.

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“Os endoparasitas são organismos de menor porte que dependem de outros seres vivos de maior porte para sobreviver. Ou seja, eles dependem do peixe para sobreviver. O nosso trabalho foi para estudar quais as espécies e se eles [parasitas] podem causar alguma consequência maior na nossa vida”, explica uma das estudantes pesquisadora, Letícia Paixão.

De acordo com o levantamento dos alunos, foram encontrados 36 parasitas do grupo nematódea, sendo 26 no peixe Cará, seis no Curimatã e quatro no Piau. “Não é normal encontrar 26 endoparasitas em um peixe. Isso pode ter se ocasionado pelo ambiente em que ele se encontrava como, por exemplo, um local muito poluído”, destaca Emanuelle Rodrigues, outra estudante.

Letícia Paixão explicou que o objetivo da pesquisa era saber qual o peixe com maior concentração do parasita. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Fabio Valcacio, terceiro aluno, acrescentou que a atenção do consumidor na hora de preparar a carne faz diferença para que o parasita não afete a saúde humana, além do descarte correto das vísceras do animal.

“O endoparasita vive na musculatura e, após ele ser pescado, ele vai até o intestino para tentar sobreviver. Quando as pessoas vão na feira, retiram o intestino do peixe e, caso haja o mal descarte, outros animais podem consumir, o que pode causar uma epidemia”, alerta o estudante.

Projeto futuro

Como os alunos estão no terceiro ano do Ensino Médio, segundo o professor e orientador, Thiago Yamada, a previsão é de que pesquisa continue e faça novos questionamentos sobre a saúde de peixes do estado.

Os alunos coletaram amostras do Tambaqui, Pacu, Cará, Piau, Curimatã, Tucunaré e Jacari. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

“Essa foi uma das nossas motivações, o grande consumo de peixe aqui, fez a gente voltar o nosso esforço para estudar um pouco mais a fundo os peixes da região, da nossa bacia. É um projeto que deve ser ampliado porque é um parasita que não se vê, está por dentro do peixe e o deixa muito fraco. E uma das coisas que nós queremos ver é em peixes de criadouros”, afirma o professor.

A apresentação da pesquisa deve ocorrer durante entre 24 e 26 de outubro na Mostratec, em Novo Hamburgo. Os alunos irão com custos Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A pesquisa ainda contou com ajuda das professoras Eliana Fernandes e Cristiane Oliveira, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR).