
Roraima ocupa hoje a última posição no ranking nacional do mercado imobiliário. A constatação foi feita por Edgilson Santos, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Roraima (Sinduscon-RR), com base nos dados do Censo Imobiliário 2025.
Os dados foram apresentados nesse domingo (5), durante entrevista no programa Agenda da Semana, na rádio FolhaFM 100.3. Conforme Santos, o levantamento revelou que o estado registrou queda de 60% nas vendas de imóveis no primeiro semestre deste ano em comparação a 2024.
A queda seria reflexo direto da alta da taxa Selic, que chegou a impactar os financiamentos em até 17% ao ano, encarecendo o crédito e afastando compradores.
“Hoje nós somos o menor mercado do Brasil. A gente sempre concorria como uma parte que estava à frente, agora nós estamos atrás. Atrás [do Amapá] até de Rio Branco [Acre]. No Norte, nós somos o menor, o menor mercado. Então, reflete exatamente isso”, afirmou.
Verticalização de Boa Vista
Mesmo com o cenário de desaquecimento, o Censo aponta que Boa Vista vive um processo acelerado de verticalização. Pela primeira vez na série histórica, o volume geral de vendas (VGV) dos imóveis verticais superou o dos horizontais, sendo de 7.100% em Boa Vista. De acordo com o vice-presidente, a mudança acompanha a tendência de adensamento urbano, já que os custos de expansão horizontal da capital se tornaram altos para os consumidores.
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“Roraima teria que ter um preço, inclusive, diferenciado, porque a gente está numa situação mais distante do mercado. Nós somos diferentes do Brasil, por quê? Porque o frete para cá, no mínimo, ele tem que vir por rota naval até Manaus ou rodoviário para cá. Então, a gente passa a entregar esse valor, mas quando chega o final do ano, que o Rio Negro seca, a gente passa a pagar taxa extra porque os grandes navios não conseguem chegar ao porto de Manaus”, explicou Edgilson, que também é engenheiro.
De acordo com os dados apresentados pelo sindicato, o preço médio do metro quadrado em Boa Vista varia de R$ 2 mil em construções populares a até R$ 10 mil em imóveis de alto padrão. Já nos empreendimentos verticais, o valor chega a R$ 12 mil.
Demanda por novos loteamentos e Minha Casa, Minha Visa
Apesar das dificuldades, a procura por novos empreendimentos segue intensa. Conforme o vice-presidente do Sinduscon-RR, a demanda por novos loteamentos segue elevada, com vendas rápidas assim que os empreendimentos são lançados, inclusive em bairros periféricos da cidade, como o Jóquei Clube. “Há demanda em todas as faixas: popular, média e de luxo. O mercado está desaquecido, mas não parado”, destacou o dirigente.
Edgilson reforçou que, para equilibrar o setor e viabilizar programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida, Roraima precisa de um tratamento diferenciado do governo federal, em razão dos altos custos de frete e insumos. Para mais detalhes, confira a entrevista completa, disponível no canal da rádio Folha FM no YouTube.