Economia

Mudança na política de preços da Petrobras vai impactar Roraima? Entenda

Empresa estatal anunciou reduções da gasolina, do diesel e do gás de cozinha

A Petrobras acabou, nessa terça-feira (16), com a política de preços de produtos comercializados por suas refinarias conforme o mercado internacional e anunciou uma nova estratégia comercial para defini-los. O mecanismo usa referências de mercado como: o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação; e o valor marginal para a companhia.

No mesmo dia, o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, comunicou redução de R$ 0,40 por litro do preço médio de venda da gasolina tipo A para as distribuidoras, e de R$ 0,44 por litro no valor médio de venda de óleo diesel tipo A para as distribuidoras, além de R$ 0,69 por quilo no preço médio do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o popular gás de cozinha.

Mas a avaliação inicial é de que isso não deve impactar os preços de combustíveis, como gasolina, diesel e gás de cozinha em Roraima. Isso porque, em dezembro, a estatal vendeu a refinaria de Manaus para o grupo Atem, que passou a definir uma política de preços própria para os seus clientes, que incluem o Estado roraimense.

O presidente do Sindicato dos Postos de Combustível de Roraima (Sindipostos-RR), João Victor Kotinski, confirmou a informação, junto às distribuidoras. “Ream [grupo empresarial Atem] continua seguindo 100% preço internacional e alterando semanalmente toda quinta-feira”, explicou.

Até a publicação da reportagem, o grupo Atem não comentou o assunto. Desde sexta-feira (12), a empresa vende aos distribuidores o litro da gasolina comum a R$ 2,90 e do óleo diesel comum a R$ 3,16. O do quilo do gás de cozinha, válido a partir desta quarta-feira (17), é comercializado a R$ 3,61.

Conforme levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis) feito de 7 a 13 de maio, em Roraima, o preço médio do litro da gasolina comum foi vendido aos clientes por R$ 6,04, o da aditivada, R$ 6,12, o do diesel comum, R$ 6,43, e do diesel S-10, R$ 6,47. O quilo do gás, por sua vez, foi comercializado pelo valor médio de R$ 131,03.

O economista Cícero Bezerra disse que ainda não se sabe se as reduções vão chegar aos consumidores, tampouco o percentual. “O grupo detentor da Refinaria de Manaus é quem define se reduz ou eleva os preços tanto dos combustíveis quanto do gás de cozinha comercializados aqui no Estado”, diz.

Por outro lado, o profissional ressaltou que Roraima pode se beneficiar pela redução em virtude de possível queda no preço do frete, gerando queda nos custos de transporte de produtos e mercadorias que chegam ao Estado e, consequentemente, reduzindo também os preços ao consumidor final.

Por fim, Bezerra avalia com desconfiança as medidas anunciadas pela estatal, que embora possam resultar em benefícios no curto prazo, podem causar problemas a médio e longo prazos, pois a empresa paga para refinar boa parte de sua produção e importa parte do combustível, como o diesel, que abastece o mercado interno.

“É preciso ter cautela com essa mudança porque pode surtir efeitos negativos como perda da competitividade e prejuízos financeiros à estatal”, disse, ressaltando que esses efeitos podem levar tanto ao desabastecimento quanto ao sucateamento da Petrobras.

*Por Lucas Luckezie