
Empresários venezuelanos estão há uma semana em Caracas, capital da Venezuela, para descobrir o que motivou o País a retomar a cobrança do imposto de importação de 15% a 77% sobre os produtos brasileiros. Eles abriram o diálogo com o governo para buscar uma solução.
Embora ainda não saibam o motivo da decisão, os presidentes Fátima Araújo, da Câmara de Importadores Socialistas do Sul da Venezuela, e Jean Fabi, da Câmara da Indústria e Comércio do Município Gran Sabana, ressaltam a legitimidade dela.
Entretanto, eles reconhecem que a medida ameaça principalmente a economia do Sul venezuelano – onde fica Santa Elena de Uairén -, inclusive os empregos.
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Ademais, os empresários destacam a amistosa e histórica relação comercial entre os países e defendem que o Brasil melhore a relação com o País vizinho – estremecida desde 2024.
“Nós queremos seguir fortalecendo a integração entre os dois países e pedimos ao governo brasileiro para se aproximar da Venezuela, porque existem muitos empresários da região Norte [do Brasil] que dependem muito disso, como dependemos do Brasil que, indiscutivelmente, é um gigante em alimentos e o nosso principal aliado”, avaliou Fátima, que promete emitir um relatório para medir os impactos da decisão até essa sexta-feira (25).
Desde 2014, Brasil e Venezuela têm um acordo que os impedem de cobrar, entre si, o imposto sobre quase todos os itens. O País de Maduro é o principal parceiro comercial de Roraima, de quem importou 144,6 milhões de dólares em produtos (R$ 799 milhões na atual cotação), em 2024.
Os ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e das Relações Exteriores do Brasil já articulam, com a Venezuela, a busca de esclarecimentos sobre o caso.
Enquanto isso, a decisão venezuelana amplia o campo de hipóteses. Fabi desconfia que seu País passou a taxar os produtos brasileiros como uma estratégia para aumentar a produção local dos mesmos itens que comprava do Brasil.
“Eu não quero questionar as medidas que o governo está tomando neste caso. Pode ser outra circunstância que motiva isso, mas creio que o governo tentará de outra maneira fortalecer a produção nacional”, avaliou.
Fátima acrescenta que, atualmente, a Venezuela está saindo do “caos” após Maduro sofrer pressão internacional por decisões internas.
“A Venezuela está se levantando com a produção nacional. Isso é admirável e é de parabenizar os empresários – que não mediram esforços pra investir na Venezuela – tanto do Brasil como os árabes, chineses. Graças a esses investidores, a Venezuela está saindo do caos”, analisou.