O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou, nesta quarta-feira (20), o primeiro estudo sobre o preço mensal da cesta básica em dez capitais brasileiras, incluindo Boa Vista.
O levantamento feito em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostrou que a cesta na principal cidade de Roraima custou, em julho, R$ 712,83, uma queda de 0,61% em relação ao mês anterior.
O valor foi o segundo maior da região Norte, atrás apenas de Palmas (R$ 715,77), e o 14º mais elevado entre as capitais do País.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Dos 12 itens pesquisados, a queda do preço do leite em -5,15% ajudou a puxar a diminuição do preço mensal na capital, seguido por arroz (-4,88%) e feijão (-2,82%). Por outro lado, três produtos encareceram: carne (2,08%), café (1,12%) e açúcar (0,96%).
Em Boa Vista, o preço da cesta básica compromete metade (50,77%) do salário mínimo. Assim, a pesquisa conclui que o trabalhador precisa de 103 horas e 19 minutos do mês para comprar os alimentos essenciais.
Segundo o Dieese, em julho, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.274,43 ou quase cinco vezes o mínimo reajustado em R$ 1.518,00.
Durante o lançamento local da pesquisa, no Centro Amazônico de Fronteira (CAF-UFRR), o superintendente estadual da Conab, Pablo Cabadas, exemplificou que sindicalistas costumam se basear nos levantamentos do Dieese para fundamentar eventuais pedidos de reajuste salarial.
Ademais, ele reconheceu o alto preço da cesta básica em Boa Vista em relação a outras capitais, mas prometeu esforço para barateá-la a nível local.
“Os números que serão apresentados pelo Dieese irão contribuir sensivelmente para que a gente consiga elaborar e propor ao governo federal políticas e programas de abastecimento”, pontuou.
A economista do Dieese, Mariel Angeli Lopes, esclareceu que a inclusão de Boa Vista e mais dez capitais na pesquisa nacional representa a expansão dos trabalhos do departamento diante das diminuições logísticas registradas nas últimas décadas, especialmente na região Norte.
“A expansão só acontece a partir das demandas dos trabalhadores. Até a parceria com a Conab, as pesquisas eram financiadas por meio dos sindicatos”, rememorou.