TENSÃO NA FRONTEIRA

Essequibo: Não haverá base militar dos EUA na Guiana, garante procurador-geral do País

Declaração ocorre após alto funcionário do governo americano dizer que seu País está comprometido a desenvolver o Exército guianense

Placa após a ponte da fronteira entre Brasil e Guiana expressa: "Essequibo pertence à Guiana" (Foto: Divulgação)
Placa após a ponte da fronteira entre Brasil e Guiana expressa: "Essequibo pertence à Guiana" (Foto: Divulgação)

A Guiana informou à Venezuela que não há planos para os Estados Unidos implantarem uma base militar no país sul-americano e que não pediu formalmente esse reforço. É o que garante o procurador-geral guianense, Anil Nandlall.

A declaração dessa quinta-feira (11) à agência de notícias Associated Press ocorre após o vice-secretário adjunto de Defesa americano para o Hemisfério Ocidental, Daniel Erikson, visitar a Guiana e dizer que os Estados Unidos estão comprometidos a desenvolver o Exército guianense em meio à tensão provocada pelo ditador venezuelano Nicolás Maduro, que reivindica o território guianense de Essequibo.

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Ainda conforme a AP, o vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, garantiu que os americanos não procuraram o País para estabelecer uma base militar. Jagdeo, Nandlall e outras autoridades da Guiana têm buscado moderação na tensão com a Venezuela.

O presidente guianense Irfaan Ali já esclareceu que a Guiana não pretende realizar qualquer ação ofensiva contra a Venezuela, mas manifestou interesse de desenvolver as capacidades defensivas do País.

Em dezembro, o país venezuelano aprovou a anexação de 74% do território guianense ao País governado por Maduro. Essequibo é uma região conhecida por ser rica em petróleo e minerais. A controvérsia, que já dura mais de 100 anos, está sob julgamento da Corte Internacional de Justiça (CIJ).

No mês passado, Venezuela e Guiana se comprometeram a não usar a força na disputa pelo território sob domínio guianense. No entanto, a situação pareceu voltar à instabilidade após o Reino Unido enviar um navio para a Guiana, o que para Maduro, soou como uma provocação. Em resposta, o ditador venezuelano mobilizou 5,6 mil militares para a fronteira com o vizinho.

Segundo Nandlall, Maduro continua “convencido de que a Guiana poderia hospedar” uma base militar norte-americana e afirmou que o ditador levantou a questão na reunião realizada entre os líderes dos dois países em São Vicente e Granadinas. “(Ali) reiterou que não é assim, mas encorajaremos a cooperação com os nossos aliados na defesa da nossa integridade territorial e soberania”, disse o procurador-geral.

A Venezuela chegou a pedir que a Guiana evite de se “envolver potências militares na controvérsia territorial”. O exército de Maduro, caso decida invadir a Guiana por terra, precisaria passar pelo território brasileiro, cortando Pacaraima, Normandia e Bonfim, em Roraima, em percurso que totalizaria mais de 350 quilômetros.

O Brasil defende uma saída pacífica para a controvérsia, não pretende permitir a entrada de militares de qualquer país para agressões e, inclusive, já reforçou a fronteira com a chegada de 16 novos blindados do Exército. O País deve sediar, em até três meses, uma nova reunião entre Maduro e Ali.

Sobre a visita de Erikson à Guiana, embora sem mencioná-la diretamente, Maduro chegou a acusar o país vizinho de agir como uma “velha Guiana Britânica, agora colônia britânica sob as ordens dos gringos, que vão lá e fazem o que querem como se estivessem em casa. Não se metam com a Venezuela”.