Cotidiano

Venezuela fecha fronteira até 5ª-feira e recolhe as cédulas de 100 bolívares

Justificativa do governo venezuelano é de que medidas foram tomadas após mais de 300 bilhões de bolívares terem sido retirados do país

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou o fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil, localizada em Pacaraima, ao Norte de Roraima, nesta terça-feira, 13, pelo período de 72 horas, que se encerra nesta sexta-feira. Conforme o Consulado da Venezuela, o objetivo do fechamento é impedir as fraudes da moeda venezuelana na fronteira. As cédulas de 100 bolívares serão extintas de circulação no país por conta da máfia do mercado negro.

Segundo o cônsul adjunto, José Martins, foi detectado que, tanto na fronteira do Brasil como na da Colômbia, haveria uma máfia que opera atacando o sistema financeiro e econômico da Venezuela. O decreto presidencial de 72 horas começou à meia-noite de terça-feira e terminará à meia-noite de sexta-feira. “A medida do fechamento da fronteira vai permitir que as máfias que sacaram as cédulas fora do país mantenham esse dinheiro fora de circulação”, explicou.

No entanto, o decreto deixou os comerciantes de Pacaraima preocupados. Empresários iriam realizar a troca de dinheiro na terça-feira, mas foram pegos de surpresa com o fechamento da fronteira. Conforme o relato, cada um ia trocar cerca de 300 mil bolívares em notas de 100. “Com a fronteira fechada, eles não podem realizar o procedimento, porque nem a pé as pessoas estão entrando”, disse um comerciante.

Martins informou que não há previsão para novos fechamentos e que após o prazo estabelecido as pessoas poderão entrar e sair do país normalmente. Até lá, nenhum veículo está autorizado a passar pela fronteira. “A informação que tenho é que pedestres podem passar mesmo que esteja fechado”, disse. O cônsul informou ainda que, após a abertura, os brasileiros que puderem comprovar a origem lícita da cédula podem trocá-la no país vizinho.

COLÔMBIA – O fechamento da fronteira com a Colômbia, segundo o governo bolivariano, é uma medida de defesa da economia local, cuja moeda está sendo atacada pelas máfias de Cúcuta. No domingo, 11, Maduro determinou a retirada de circulação das notas de maior valor após evidências de que mais de 300 bilhões de bolívares foram retirados do país.

As duas medidas de fechamento nas fronteiras com o Brasil e a Colômbia, amparadas pelo Estado de Exceção e Emergência Econômica, têm o objetivo de frear o contrabando do Bolívar, que se transformou em um dos mecanismos de ataque à economia e a estabilidade da República.

Em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente disse que as máfias tentaram entrar novamente com as notas no país depois que souberam da retirada das cédulas de circulação. Somente na madrugada de segunda-feira, 64 milhões de bolívares foram apreendidos pelas autoridades venezuelanas na fronteira com a Colômbia. (A.G.G)

APÓS 72 HORAS
Detentores da moeda terão mais prazo para fazer troca

Cerca de seis bilhões de cédulas de 100 bolívares, algo em torno de 48% de todas as notas e moedas em uso no país, deixaram de circular na Venezuela a partir desta terça-feira, 13. A medida do governo do presidente Nicolás Maduro visa combater as supostas máfias que estariam armazenando a nota com o objetivo de desestabilizar a economia local.

As notas poderão ser usadas em todos os pagamentos até deixarem de circular, assim como poderão ser trocadas em bancos públicos. As pessoas que têm essas cédulas podem trocá-las por notas de outros valores que permanecerão em vigência legal. As cédulas serão depositadas em suas contas para proteger o seu dinheiro eletronicamente e, em seguida, poderão ser retiradas em caixas eletrônicos ou o pagamento efetuado com cartões débito.

Após expirar o prazo de 72 horas para o resgate, o Banco Central da Venezuela (BCV) vai abrir um período de 10 dias para continuar a mudança, acompanhados por agentes da segurança do Estado.

Antes mesmo de iniciar o prazo para o fim da circulação das cédulas, milhares de venezuelanos já formavam longas filas em caixas eletrônicos e lojas para tentarem trocar parte das seis bilhões de notas de 100 que circulam na Venezuela.

Nos serviços bancários, era possível depositar as notas. Mas pouco adiantou tentar trocá-las no comércio. Ontem, lojas, padarias e mercados pelo país já não aceitavam a cédula de 100, assim como ônibus em algumas cidades.

Atualmente, existem na Venezuela notas de 2, 5, 10, 20, 50 e 100 bolívares. A maior delas equivale a somente US$ 0,15, no câmbio oficial, e US$ 0,02 no paralelo. Com a inflação atual, é possível comprar com 100 bolívares apenas uma bala. Um hambúrguer custa 5.000.

Começam a circular a partir de hoje, 14, moedas de 50 e de 100 e bilhetes de 500 bolívares. Mais adiante, entram em circulação notas de 1.000, 2.000, 5.000, 10.000 e 20.000. A inflação deve fechar este ano em mais de 500%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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