Cotidiano

Universidade mostra que deficiência não impede realização de sonhos

A UERR já tem 32 alunos com algum tipo de deficiência comprovada e para facilitar o atendimento criou o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão

Pessoas com deficiência, que buscam realização pessoal e profissional por meio da educação superior, encontraram na Universidade Estadual de Roraima o apoio necessário para a realização dos seus sonhos.

A Instituição já tem 32 alunos com algum tipo de deficiência comprovada e, para facilitar o atendimento a esses estudantes, criou o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão, o NAI.

Em 2 anos, o núcleo já realizou 318 atendimentos personalizados para pessoas com mobilidade reduzida, transtorno de ansiedade, paraplégicos, com paralisia cerebral, dislexia, ou com algum tipo de deficiência intelectual leve ou moderada, além de atender também deficientes visuais e auditivos.

Esses 32 alunos passaram por um estudo minucioso, personalizado, com o objetivo de identificar as dificuldades e estabelecer um plano de desenvolvimento acadêmico, feito por especialistas do Núcleo de Acessibilidade.

Segundo a psicopedagoga Jussara Barbosa da Silveira, responsável pelo Núcleo, a universidade vem desenvolvendo programas e projetos inclusivos, que promovem a acessibilidade e permanência da pessoa com deficiência, inserindo-a nas dinâmicas intelectuais e sociais que ocorrem no âmbito universitário.

“Mesmo com atendimento diferenciado, temos a responsabilidade de colocar profissionais realmente capacitados no mercado de trabalho. Por isso os alunos são cobrados e precisam atingir as médias de cada disciplina”, diz Jussara.

Jovem supera deficiência e vira exemplo de luta e dedicação


Wildon Jamilson Santana de Melo, 23 anos, está se formando em Administração 

Dentre vários exemplos do resultado do trabalho desenvolvido pelo NAI, está o de Wildon Jamilson Santana de Melo, 23 anos, com deficiência intelectual leve, que na literatura médica é identificada por “F70-CID10”.

Wildon não teve uma vida fácil. Quando criança, filho de pais separados, foi entregue aos avós, pois sua mãe não tinha condições de criá-lo. Morador do bairro 13 de Setembro, sempre dividiu a casa com uma tia, duas primas e um sobrinho.

Com o apoio dos avós e incentivos da mãe – com quem não perdeu contato –, estudou em escolas públicas (Dom José Nepote e Maria das Dores) e queria fazer curso superior, se formar em Administração, sonho que cativou depois de trabalhar em uma panificadora.

“Eu vi que eu poderia oferecer produtos e serviços melhores para os consumidores. Passei no vestibular da UERR entre as primeiras vagas para pessoa com deficiência. Isso foi a abertura de uma grande oportunidade de agregar valor a mim e aos meus produtos. Quando eu me formar, no final do ano, quero partir para abrir meu próprio negócio”, declarou.

Na semana passada, Wildon defendeu seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), que teve como tema “Empreendedorismo no segmento de panificação e produtos alimentícios saudáveis em Boa Vista-RR”. Mas para colar grau em Administração, ainda terá que cursar quatro disciplinas que ficou “devendo”.

Lembra que sem o apoio do NAI, dos colegas de turma e dos professores, a sua jornada universitária poderia ter acabado antes do tempo. Disse que as dificuldades eram grandes e pensava em desistir, mas que o sonho de ser um empreendedor foi mais forte.

Wildon fala inglês, gosta de praticar esportes, de correr e jogar tênis de Mesa, mas foi o curso de Administração, segundo conta, que o fez ganhar conhecimento, melhorar sua postura e a forma de falar. “Eu não pensava que poderia adquirir tanto conhecimento”, finalizou.