Cotidiano

Unidade abrigará pacientes psiquiátricos

Residência Terapêutica que irá acolher pacientes com transtornos mentais deverá ser inaugurada no próximo mês

Anunciada em 2012 como forma de tentar suprir a carência de uma casa de apoio específica para atender usuários de drogas e pessoas com vulnerabilidade social que não possuem vínculo familiar e com algum tipo de transtorno mental, a Residência Terapêutica, localizada no bairro dos Estados, zona Norte da Capital, está em fase final de implantação e deve ser inaugurada no próximo mês.

O governo informou que o prédio onde funcionará a unidade foi reformado e passa pelos últimos reparos. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) ainda está concluindo a adequação do quadro de pessoal que prestarão os serviços de apoio aos pacientes na unidade e, assim que a lotação for concluída, o local começará a funcionar. A emenda parlamentar, do ex-deputado Leonídio Laia, foi de R$ 200 mil para a reforma do prédio.

A residência terapêutica será voltada principalmente a pacientes com transtornos mentais decorrentes do uso de drogas, que não possuam residência fixa, como os moradores de rua, que poderão ficar internados por até seis meses na unidade. Para humanizar o atendimento, o prédio da Unidade de Acolhimento possui estrutura parecida com a de uma casa, com quartos, sala, cozinha e banheiros. Durante o dia os pacientes serão encaminhados para atendimento médico e atividades lúdicas e terapêuticas nos dois Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e, no período da noite, retornam para dormir na casa.

Enquanto a unidade passa por esse processo, a Sesau disponibiliza atendimento 24 horas, a livre demanda, para pacientes com transtornos mentais em duas unidades: no Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas), localizado no bairro Jardim Floresta, zona Oeste, e no Caps III, que funciona para dar atenção à saúde mental em municípios com população acima de 200 mil habitantes e fica localizado na Avenida Ene Garcez, Centro.

Antigo abrigo feminino é usado como boca de fumo

Mesmo com os investimentos para a implantação da Residência Terapêutica, moradores denunciaram à Folha que o antigo Abrigo Feminino, que fica ao lado da unidade, serve como boca de fumo e abrigo para usuários de drogas. Toda a parte elétrica e até o forro foram furtados. No chão, restos de comida e materiais usados para o uso de entorpecentes estavam espalhados por todos os cantos do antigo abrigo.   

O governo esclareceu que não foi informado a respeito da existência de uma boca de fumo ao lado do prédio em reforma da residência terapêutica, mas que acionará a polícia para averiguar a situação. “Se o fato em questão for realmente constatado pela polícia, será feito um trabalho in loco para detectar os envolvidos e a Secretaria de Saúde vai oferecer tratamento adequado para o combate ao uso de drogas”, disse, em nota, a Secretaria Estadual de Saúde.

Usuário vive em praça pública

Quem passa diariamente pelo Centro de Boa Vista costuma perceber a presença de vários moradores de rua e andarilhos. O problema tem se agravado nos últimos anos, pois muitos deles também são usuários de drogas e sofrem com transtornos mentais.

Personagem que perambula há muito tempo pelas ruas da Capital e que virou figura conhecida da população, o usuário de drogas Danilo Vasconcelos dorme, todos os dias, no chão de uma praça, localizada no Centro. “É uma opção minha. Sou usuário há 30 anos e acredito que o que não tem solução, solucionado está”, disse.

Ele acredita que a implantação de uma residência terapêutica vai ajudar pessoas que passam pelo mesmo problema. “Vai melhorar bastante, porque tem muita gente que precisa, inclusive eu, e se for implantada, vai ajudar”, afirmou. (L.G.C)