Cotidiano

Soja já desponta como principal produto de exportação roraimense

Números da Coordenadoria de Estudos Econômicos Sociais da Seplan mostram que a soja foi responsável por 89,4% das exportações este ano

Com uma área plantada em torno de 18 mil hectares e produção de 25 mil toneladas na  última safra, a soja se tornou o principal produto na pauta de exportação, responsável pelo maior crescimento na balança comercial de Roraima nos últimos sete anos, segundo aponta a divulgação do Ministério de Indústria e Comércio Exterior, na semana passada. As exportações do Estado, no primeiro semestre de 2014, atingiram o valor de US$ 17.425 mil, enquanto as importações chegaram a US$ 4.208 mil, o que resulta no saldo positivo de US$ 13.217 mil.

Os dados analisados pela Coordenadoria de Estudos Econômicos Sociais da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan) mostram que a soja foi responsável por 89,4% das exportações realizadas por Roraima no período de janeiro a junho deste ano, perfazendo o valor de US$ 15.577 mil. Deste valor, US$ 15.199 mil foram referentes às exportações para a Rússia, US$ 270 mil para a Guiana e US$ 108 mil para a Turquia.

O secretário estadual da Agricultura, Álvaro Calegari, analisou o fato de a soja ter sido a responsável pela alta na balança comercial de Roraima. “Para quem não vinha exportando nada, de repente se vende 15 milhões de dólares já acham muito. Mas, temos muito mais potencial e queremos chegar aos 100 mil hectares de área plantada no próximo ano, e de 800 mil a um milhão de hectares, nos próximos vinte ou trinta anos”, frisou.   

Ele informou que a soja foi o único produto agrícola do Estado que se fez presente na balança comercial de Roraima e foi apontada por ele como a “locomotiva do desenvolvimento” da agricultura no Estado. Os demais itens agrícolas, como o arroz, por exemplo, que já esteve presente na pauta de exportação, é hoje um produto produzido apenas para o consumo interno.

“Depois da demarcação da Raposa Serra do Sol, nossa área de plantação de arroz caiu pela metade e, se antes exportava para o Pará, hoje deixamos de exportar. Já as outras cultura de grãos são para subsistência e o milho nós ainda somos importadores”, frisou.

Entre os principais compradores da soja brasileira, Calegari destacou a vizinha Venezuela, porém destacou a dificuldade de vender o produto produzido em Roraima para o pais vizinho e falou da exportação recorde no ano passado para a Rússia, que foi levada de caminhão para Manaus (AM) e de lá de navio até a Rússia.

“A Venezuela é cheia de trâmites, o que dificulta muito, e isso pode ser visto na tentativa de venda em 2005, quando a soja ficou retida na fronteira e houve um prejuízo enorme. Este ano vendemos para a Rússia e foi o que fez aumentar bastante a balança comercial de Roraima, mas, ainda acho muito pouco diante do que podemos produzir e exportar”, frisou. 

Ele afirmou que, como agricultor, foi um dos pioneiros no Estado a plantar soja e que desde 1993 que vem tentando introduzir essa cultura no lavrado de Roraima.  “Acreditamos que existe uma aptidão natural de clima e de solo propícia a essa cultura e produzir a baixo custo, mas existe uma dificuldade imensa para se chegar para exportar para a Venezuela, o que seria o parceiro de mercado mais viável para Roraima”, disse. (R.R)

Com 100 mil hectares de área plantada já haverá venda futura, diz secretário

 Otimista com a safra recorde de 25 mil toneladas de soja, o secretário estadual de Agricultura, Álvaro Calegari, disse que hoje o Estado acumula uma área de aproximadamente 18 mil hectares de plantio de soja e que a meta para o próximo ano é de atingir os 100 mil hectares de área plantada.

“Quando atingirmos essa marca, que queremos que seja já no próximo ano, vão chegar as grandes empresas multinacionais e será feita a venda futura, que é a venda de parte de 20%, 30% ou 50% da cultura antes mesmo do período de safra”, frisou. “É assim que funciona esse mundo da soja e aqui em Roraima não será diferente”. 

Ele destacou ainda que a soja produzida em Roraima, além de apresentar maior poder de produção por hectare plantado, é a convencional (não transgênica) o que representa um potencial no mercado internacional. “Grande parte da soja produzida nos países produtores, como Estados Unidos e Argentina, e a produzida na região Sul do Brasil são transgênicas, e parte dos consumidores do mundo não quer soja transgênica, então levamos vantagem nisso”, frisou.

Outro ponto destacado pelo secretário é quanto ao preço da saca de 60 quilos de soja, vendida por R$50,00 ou R$55,00 no Sul. Em Roraima, a saca alcança o preço médio de R$70,00. “Isso porque o mercado não tinha soja e nós produzimos na entresafra. Em setembro vamos colher mais de 50 mil toneladas”, frisou.    

 Algodão é apontado como alternativa

 O secretário de Agricultura, Álvaro Calegari, defende a plantação da cultura do algodão e que projetos neste sentido já estão sendo elaborados para transformar Roraima em um polo algodoeiro em poucos anos. “Pelas condições de solo e clima, poderemos ter um algodão com uma das melhores qualidades do mundo e limpo com fibra longa. E isso já é um atrativo de investimentos da área rural”, frisou.

Para o secretario, o algodão seria a alternativa de correção de solo na área onde foi plantada a soja, já que a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) recomenda que não se deve plantar uma mesma cultura todos os anos na mesma área.  “Na rotação de cultura, plantaríamos o algodão em anos alternativos na área da soja e fecharmos a cadeia produtiva com aves, suínos, criação de animais de pequenos portes, tendo a certeza de ter a ração para esses animais e não ter que importar mais”, disse. (R.R)