A ocupação espontânea de indígenas da etnia Warao, que fica no bairro Pintolândia, em Boa Vista, recebeu uma visita técnica do Ministério Público de Roraima (MPRR), nesta terça-feria, 8, para avaliar as condições de vida dos refugiados. Após a ação, um relatório será apresentado às autoridades competentes informando a situação do grupo.
A visita técnica foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Vítimas, Minorias e Direitos Humanos (GAEVI-MDH), do MPRR, para identificar as principais necessidades enfrentadas por essa população. O coordenador do GAEVI, André Paulo dos Santos, explica que os dados obtidos durante a diligência no local resultarão em um relatório, que será encaminhado aos órgãos competentes para as devidas providências.
“Estamos acompanhando de perto a situação e queremos juntar forças com outros órgãos públicos para buscar alternativas em favor desta comunidade em situação de vulnerabilidade ”, concluiu o Promotor de Justiça.
Além do coordenador, promotores de justiça também estiveram presentes e se reuniram com os líderes locais para ouvir relatos a respeito das dificuldades do grupo. De acordo com os líderes, no local residem mais de 400 pessoas, com quase metade sendo crianças, muitas já nascidas no abrigo, todas em situação de vulnerabilidade.
Em janeiro deste ano, o venezuelano Jeferson Montia, de 44 anos, foi morto a tiros por uma dupla armada dentro do abrigo. A esposa e uma bebê de aproximadamente quatro meses, uma das filhas do casal, foram atingidas pelos disparos.
Ainda na época, o povo Warao manifestou repúdio pela execução de Jeferson dentro do abrigo. De acordo com a nota, o casal possuía sete filhos, que viviam em situação de vulnerabilidade extrema.
“É inaceitável que nosso povo, já marcado por tantas dificuldades e injustiças, tenha que enfrentar tal atrocidade. […] É alarmante que, em um espaço que deveria ser seguro, um ato tão violento tenha ocorrido. As circunstâncias que levaram a essa tragédia são desconhecidas, mas nós, como comunidade, não podemos ficar em silêncio diante da dor e do sofrimento causado por essa violência”, afirmou a nota de repúdio dos Warao, à época.
Sobre a ocupação espontânea
O abrigo, que hoje é considerado uma ocupação espontânea, foi administrado pela Operação Acolhida entre 2016 e 2022 e foi desativado em razão de diversos problemas relacionados à infraestrutura, fornecimento de água, saneamento, alagamentos e deficiências nas instalações elétricas e hidráulicas.
À época, os moradores foram transferidos para outros abrigos, porém, parte dos indígenas decidiu permanecer no local.