Cotidiano

Sinduscon avalia que mudanças no programa não beneficiam Roraima

Faixa de renda 1, que é a que mais movimenta o setor em Roraima, foi a única não contemplada pela mudança anunciada pelo governo

A ampliação dos limites de renda e de valores de imóveis no programa Minha Casa Minha Vida, anunciada pelo Governo Federal no dia 6, foi considerada “tímida” pelo presidente do Sindicato da Construção Civil de Roraima (Sinduscon-RR), Clerlânio Holanda. A faixa de renda 1, que é a que mais movimenta o setor no Estado, foi a única não contemplada pela mudança.

A faixa 1 abrange pessoas ganhando até R$1.800,00 e garante financiamentos maiores de até 90% do valor do imóvel. Mas o presidente Michel Temer (PMDB) decidiu subir o teto somente das outras três faixas de renda participantes do programa. O reajuste foi de 7,69%, baseado na inflação.

 O limite de renda mensal da faixa 1,5 passou de R$2.350,00 para R$2.600,00. Na faixa 2, foi de R$3.600,00 para R$4.000,00. E passou de R$6.500 para R$9.000 na faixa 3, esta última contemplando os financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

As taxas de juros, por outro lado, se mantiveram: a faixa 1,5 tem juros de 5% ao ano; a faixa 2, vai de 5,5 a 7% ao ano; a faixa 3 continua em 8,16% para salários de R$4 mil a R$7 mil. Somente o grupo que entrará a partir de agora, com renda de R$7  mil a R$9 mil na faixa 3, terá juros de 9,16% ao ano.

O teto dos valores dos imóveis também cresceu em torno de R$25 mil. No entanto, o limite varia em cada Estado. Até o fechamento desta matéria, ontem à tarde, a Caixa Econômica Federal em Roraima ainda não havia informado o reajuste local.

O objetivo das mudanças anunciadas pelo governo é abrir o programa para a classe média, que tem mais recursos para quitar as parcelas, apesar de ter direito a uma porcentagem menor de financiamento. O Governo Federal espera creditar 61 mil unidades habitacionais neste ano, a partir do anúncio.

COBRANÇA – O programa Minha Casa Minha Vida é um grande gerador de empregos na construção civil em Roraima, segundo o presidente do Sinduscon. Mas a maioria dos seus financiamentos se concentra na faixa 1, cujo limite não foi elevado e há mais de um ano não tem adquirido imóveis. O grupo é o que consegue os maiores financiamentos, por ter os menores salários. “Não vemos retorno imediato com essas novas medidas, pois a faixa 1 conta com mais parcerias com o poder público para finalizar a construção da casa”, explicou.

O novo teto no valor das propriedades também foi cobrado pelo sindicato. “Se teve um aumento proporcional da renda. Deveria ter também um aumento corrigido das unidades. Os limites que estão aí são praticamente inviáveis, devido aos custos altos dos terrenos dos grandes centros urbanos e bairros nobres”, afirmou.

Para contornar a crise no setor de construção civil, Clerlânio Holanda espera mais políticas públicas de incentivo, porém frisou que a iniciativa privada também deve fazer a sua parte. Loteamentos e condomínios fechados começam a aparecer no Estado, ainda timidamente. “2016 foi um ano muito difícil em Roraima, em que o desemprego bateu recorde, a inflação alcançou quase dois pontos percentuais e a taxa de juros teve valores astronômicos. Até mesmo linhas de financiamento de equipamentos por parte do BNDES, com juros atrativos, ficaram inoperantes no Estado”, afirmou. (NW).

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