Cotidiano

Servidores do INSS param na sexta-feira

Somente os servidores da agência de Rorainópolis estavam em greve, mas agora o movimento deverá ser estendido para as demais

Os servidores das agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Roraima entrarão em greve por tempo indeterminado a partir da próxima sexta-feira, 31. A greve entra em acordo com um movimento nacional, organizado e anunciado no dia 7 de julho pela Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Assistência Social (Fenasps). Com a greve, a agenda de atendimento sobre benefícios sociais deverá ser reduzida. A perícia do órgão funcionará normalmente.

O Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de Roraima (Sindsep RR) está apoiando o movimento, deflagrado durante assembleia realizada na segunda-feira, 27. O técnico em seguro social Luis Fellipe Souza explicou que, em Roraima, não existe um sindicato voltado especificamente para as carreiras dos servidores do INSS.

“De início, ficamos meio isolados em relação ao movimento nacional. Mas, por conta da mobilização, decidimos apoiar também aqui”, disse. Somente Roraima não havia aderido à greve em todo o País. Apenas os servidores da agência do Município de Rorainópolis, no Sul do Estado, estavam parados desde o dia 24 de julho.

Todas as quatro agências e parte da gerência no Estado já manifestaram o interesse em paralisar os serviços. O INSS tem agências em Boa Vista, Rorainópolis, Alto Alegre e Caracaraí. “Rorainópolis já está paralisada completamente. Alto Alegre já sinalizou e só falta a equipe de Caracaraí dar uma resposta”, relatou o servidor, acrescentando que a exigência da porcentagem de serviços em caso de greve no setor público, de 30%, será respeitada. “Estamos tomando por base os 30% estipulados pelo STF [Supremo Tribunal Federal]. Contudo, este referencial não é representado por setores, mas pela gerência executiva. Então, todos os servidores ligados ao INSS entram no quantitativo dos 30% que, no nosso caso, vai ser maior porque os médicos não aderiram à greve”, frisou Luis Fellipe.

SERVIÇOS – Por isso as agendas de atendimentos de benefícios sociais deverão ser reduzidas. A servidora Joselena Acrísio afirmou que a partir desta sexta-feira, metade dos servidores que trabalham no balcão vai aderir à greve. “O gerente local fará uma agenda reduzida em função da paralisação e as duas profissionais de assistência social que trabalham no setor em Roraima também aderem à greve. Então, quem tiver agendada alguma avaliação de assistência social precisará remarcá-lo”, avisou, acrescentando que apesar de a greve causar um impacto à sociedade, a categoria pede apoio da população, pois um dos itens da pauta de reivindicação trata-se justamente da melhoria das condições de trabalho para que os servidores possam prestar um melhor atendimento ao público.

PAUTA – Sobre as reivindicações dos servidores em Roraima, Luis Fellipe explicou que a lista é a mesma estabelecida pela Fenasps em nível nacional. Um dos pontos principais em reivindicação é a equiparação de 30 horas semanais para todos os servidores da categoria. “Curiosamente, no INSS, alguns servidores trabalham oito horas por dia, enquanto outros trabalham seis horas corridas diárias, realizando as mesmas atividades”, relatou.

Outra reivindicação é a incorporação das gratificações dos servidores. Hoje, segundo ele, aqueles que trabalham no INSS recebem remuneração composta em mais de 70% por gratificações. “Quando o servidor se aposenta, não leva estas gratificações, o que é um desestímulo. A maioria dos funcionários já está em idade de se aposentar e não podem porque acabam perdendo muito”, disse.

Outra cobrança da categoria é a realização de concurso público. Conforme explicou, existe um parecer de 2014, do Tribunal de Contas da União (TCU), que aponta um possível colapso do INSS dentro de 4 a 6 anos, que poderá ser causado pela falta de funcionários. “Muitos já estão chegando à aposentadoria compulsória e não têm mais opção de escolher se querem continuar. A maioria dos que estão, recebe abonos de permanência. Quando todos se aposentarem, quem vai continuar prestando o serviço? A necessidade de concurso público é urgente”, frisou.

A técnica em previdência social do INSS Jucilene de Assunção lembrou que já existe a autorização para um concurso com 950 vagas para o órgão, mas, como o órgão possui cerca de 15 mil servidores perto de aposentarem-se, este número é insuficiente em nível nacional.

A categoria pede um aumento de 27,3% da remuneração atual. “O Governo Federal já apresentou uma proposta de 21%, parcelados em quatro vezes. Somente se o servidor aceitar esta condição é que eles dizem que irão discutir os outros assuntos reivindicados. Como a categoria não aceitou, amanhã a presidente nacional do INSS fará uma reunião para discutir outras propostas”, frisou. (JPP)