Cotidiano

RR tem capacidade de produzir mais de 200 toneladas de peixe

Principais espécies pescadas são o pacu, traíra, tupirata, tucunaré, branquinha e os dois considerados mais comuns, matrinxã e piranha

A pesca é uma das atividades que mais contribuem para a economia de Roraima. Municípios como Boa Vista e Mucajaí foram fundados tendo nela sua principal forma de comércio, graças a uma rica bacia hidrográfica que banha o Estado e proporciona lucratividade tanto para o pescador como para a rede de restaurantes que trabalham com a criação de peixes.

De acordo com o presidente da Federação das Colônias de Pescadores de Roraima, Rafael Pinheiro, o Estado possui a capacidade de produzir mais de 200 toneladas de peixes por ano, apenas de forma artesanal. Apesar de ocorrer de março a junho a piracema, período de reprodução dos peixes em que a pesca é proibida, pescadores cadastrados no governo federal ganham um benefício durante a proibição.

“Eles devem prestar contas em relação aos peixes que pegaram de julho até fevereiro, como quantos quilos conseguiu e quais espécies capturaram. O benefício serve como uma forma de não prejudicar seu sustento durante a piracema”, explicou.

Pinheiro destacou que, geralmente, as principais espécies pescadas são o pacu, traíra, tupirata, tucunaré, branquinha e os dois considerados mais comuns, matrinxã e piranha.

“Os peixes mais valiosos, que são aqueles que saem a R$12ou R$ 14 no comércio, como é o caso do surubim e o cascudo, só são possíveis em locais mais isolados de centros urbanos. Inclusive, está cada vez mais comum o pescador viajar, gastar combustível, para pescar, devido aos problemas de segurança pública que vem ocorrendo nos últimos anos”, comentou.

PREFERIDO – Quando se trata de criação em cativeiro, Rafael Pinheiro afirmou que o tambaqui é o líder disparado do setor. “É um peixe que dá muita ‘assertividade’ quanto a sua criação e qualidade. É uma espécie mais tranquila de controlar e alimentar e, quando bem cuidado, proporciona uma mercadoria muito segura de se comercializar. Aqui em Roraima, a exigência geralmente é por peixes que tenham até 2,5 quilos. No Amazonas, para onde se costuma exportar bastante da mercadoria, geralmente existe uma exigência de peixes com 3 ou 3,5 quilos”, afirmou.

Para que esse produto seja bem-sucedido em sua venda, Pinheiro explicou que existe todo um ciclo de criação que demora cerca de sete meses para que o tambaqui esteja em tamanho ideal para consumo.

“A princípio, o peixe é alimentado por meio da artêmia em gotas. Quando ele estiver um pouco maior, a partir daí, começa o processo de engorda. Só que não se pode exagerar, se não o peixe pode perder o oxigênio de dentro da água e morrer. Outro fator importante é o pH da água, que precisa estar equilibrado entre 6 e 8”, explicou.

O presidente da Federação das Colônias de Pescadores destacou que os peixes são vantajosos tanto na área da economia roraimense quanto para a própria saúde. “O peixe é um dos alimentos mais saudáveis que existem no nosso planeta. É uma carne branca, saudável e cheia de proteínas. E estamos em um local no mundo muito privilegiado quando se trata de ter acesso a esse alimento. Por isso, digo para a população apreciar o peixe e valorizar aquilo que é tão importante para o nosso Estado”, recomendou.

INTERESSE – Perla de Souza, gerente de uma rede de restaurantes especializada em peixes, afirmou que o tambaqui, protagonista da maior parte das opções do cardápio, é originário de um criadouro da própria empresa.

“Nós temos um criadouro próprio de tambaquis, que fica nas margens do rio Mucajaí. Deixamos os peixes já pesados e levamos para uma linha de produção para que sejam temperados, cortados e embalados para irem para os restaurantes. Ou seja, eles são mandados já com uma garantia de estarem ao ponto para servir”, informou.

Perla afirmou que o tambaqui é o carro-chefe da casa e é apreciado muito mais por quem vem de fora do que por roraimenses, devido ao fato de ser um prato leve com todo um tratamento para que seu sabor seja aguçado.

“É interessante ver que aqui em Boa Vista o tambaqui à delícia é nosso prato mais vendido, mas o pessoal também costuma pedir muito dourado [outra espécie de peixe], que vem toda semana para cá de caminhão do Amazonas. Já nos restaurantes que temos em Manaus, o tambaqui é disparado o que os manauaras mais pedem. E já atendemos pessoas que moram em cidades distantes, como São Paulo, e pedem para embalar para viagem de uma forma que dê para levar na mala de volta. O interesse pelo peixe daqui é muito forte por quem não é tão familiarizado com ele”, afirmou. (P.B)