Cotidiano

Roraima registra aumento de 111% no desmatamento em fevereiro

Derrubada de floresta nos últimos meses em Roraima, pode estar relacionada à dispersão de garimpeiros que fugiram da Terra Yanomami, afirma o Imazon.

Roraima registrou um aumento de 111% no desmatamento em fevereiro de 2023, quando comparado ao mesmo período do ano passado. A devastação passou de 9 km² em fevereiro de 2022 para 19 km². O levantamento é do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

“O estado vem apresentando um aumento expressivo na derrubada da floresta nos últimos meses. Números que podem estar relacionados à dispersão de muitos garimpeiros que fugiram da Terra Indígena Yanomami após o início das operações federais na região, gerando um risco ainda maior a outras áreas protegidas e agravando conflitos por terra em Roraima”, comenta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.

Em janeiro e fevereiro deste ano, a Amazônia perdeu 523 km² de floresta, o equivalente a quase 900 campos de futebol por dia. No entanto, somente no mês passado, foram derrubados 325 km² de floresta, o que equivale ao tamanho de Belo Horizonte. Essa foi a maior devastação registrada para fevereiro em 16 anos, conforme o Imazon.

Entre os estados que compõem a Amazônia Legal, quase metade (48%) do desmatamento registrado em fevereiro ocorreu apenas em Mato Grosso. No estado, a destruição passou de 96 km² em fevereiro de 2022 para 157 km² no mesmo mês de 2023, um aumento de 64%.

Pará e Amazonas seguem no topo do ranking dos estados com as maiores áreas derrubadas. No Pará, foram perdidos 63 km² de vegetação nativa, 19% do total na Amazônia, e no Amazonas 55 km², 17% do total.

Em solo paraense, a devastação segue avançando em municípios críticos como Altamira e São Félix do Xingu. Juntos, eles somaram 44% (28 km²) de todo o desmatamento registrado no estado. Além disso, cinco das 10 unidades de conservação mais desmatadas ficam no Pará. Juntas, elas concentram 90% (22 km²) de toda a devastação ocorrida nesse tipo de território na Amazônia, sendo 75% (18 km²) apenas dentro da APA Triunfo do Xingu. 

Já no Amazonas, a derrubada tem se concentrado no Sul do estado, na divisa com Acre e Rondônia, uma região de expansão agropecuária chamada de Amacro. É lá que está localizado Apuí, o município que mais desmatou a Amazônia em fevereiro: 24 km², 44% de toda a devastação registrada no Amazonas. Além disso, ficam localizados no estado seis dos 10 assentamentos que mais desmataram na Amazônia. Juntos, eles concentram 40% de toda a derrubada ocorrida nesse tipo de território na região.

“Outro problema foi o avanço do desmatamento nas terras indígenas do Amazonas. Em fevereiro, cinco dos 10 territórios indígenas mais desmatados na Amazônia ficam no estado. Somada, a destruição dentro dessas áreas representou 60% de toda a devastação ocorrida em terras indígenas amazônicas”, informa Bianca.

Já no Acre, a derrubada passou de 3 km² em fevereiro de 2022 para 7 km² no mês passado, um crescimento de 133%, a maior alta entre os estados. A destruição avançou pela metade leste, inclusive dentro da Resex Chico Mendes. Esse território protegido foi a terceira unidade de conservação mais desmatada da Amazônia, com uma área devastada equivalente a 40 campos de futebol.