Cotidiano

Roraima possui 15 barragens de acumulação de água 

Estruturas são consideradas seguras por conta do trabalho de vistoria realizado a cada seis meses

Embora Roraima tenha 15 barragens, o risco de rompimento é mínimo porque são represas utilizadas para a piscicultura ou irrigação. Além do mais, são estruturas que passaram a ser seguras devido ao trabalho de vistoria realizado por uma equipe da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos(Femarh).

O chefe da Divisão de Prevenção e Monitoramento Ambiental da Femarh, Miguel Felipe de Souza Lima, explicou que existem cadastradas 15 barragens de acumulação de água. 

“Entre essas classificadas, de acordo com a Instrução Normativa nº 01 de 1º de março de 2017, publicada no Diário Oficial do Estado, nenhuma apresenta risco de rompimento”, afirmou.

Segundo Lima, nas barragens de maior porte, os proprietários começaram a fazer as correções estruturais que foram identificadas pela Femarh. Como exemplo, ele citou uma barragem no município de Bonfim que não estava em boas condições. 

“Uma equipe técnica da fundação fez avaliação e, em menos de um ano, o dono fez as correções técnicas, o que foi possível aumentar a estrutura e o nível de segurança”, disse.

Lima comentou que o cadastro está em fase de consolidação e ampliação, assim como estão sendo elaboradas as instruções normativas para regularização dessas represas. 

“O Estado não tinha nenhum instrumento normativo de regularização delas. Existem barragens muito antigas, da década de 1970, mas não tinha legislação de regulamentação. Há uma lei federal de 2010, mas não se aplica à maioria das barragens do Estado. Existia a falta de um mecanismo normativo que foi elaborado pela Femarh e publicado, e tem ainda outros instrumentos para regularização”, comentou.

O trabalho de vistoria tem a finalidade de fiscalizar as características técnicas estruturais das barragens. “A cada seis meses, a Femarh faz o acompanhamento nas propriedades para verificar a estrutura desse barramento e, a partir daí, é feita a classificação. O proprietário recebe orientações técnicas, mas se for fazer alguma modificação, tem que contratar um engenheiro que vai emitir o ART [Anotação de Responsabilidade Técnica] das ações que serão realizadas na propriedade”, comentou Lima.

Workshop discute segurança nas barragens


Evento contou com participação de acadêmicos do curso de Engenharia Civil (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Depois de Palmas, capital do Tocantins, foi a vez de Boa Vista receber o workshop sobre segurança de barragens. O evento aconteceu, no auditório Alexandre Borges na Universidade Federal de Roraima.

Participaram acadêmicos do curso de Engenharia Civil e profissionais da área, que discutiram a situação das barragens no Estado, na presença de especialistas de várias instituições.

O presidente do Núcleo Norte da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos (ABMS), Adriano Frutuoso da Silva, disse que o workshop acontecerá em todas as capitais da Região Norte. 

“Evento importante, pois todos os envolvidos aprendem, debatem e discutem as questões locais, visando à segurança das barragens e das populações”, comentou. 

O presidente do Comitê Brasileiro de Grandes Barragens, professor Carlos Henrique Medeiros, avaliou o evento como importante por reunir representantes de instituições como Crea-RR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), UFRR, Femarh e outras, criando uma rede de interação entre esses atores que lidam com o mesmo assunto.

“É um evento que dá um bom diagnóstico para os acadêmicos de engenharia do Estado, preparando eles para a realidade local. Estou aqui colaborando com a discussão sobre a legislação e sobre acidentes de barragens, trazendo informação conceitual, debatendo o ambiente de segurança nas barragens”, ressaltou Medeiros.

Para o acadêmico do 7º semestre do curso de Engenharia da UFRR Thiago Bessa Ramos, de todas as disciplinas do curso, a que trata sobre barragens é a mais debatida, principalmente depois do rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. 

“Em sala de aula, aprendemos a dimensionar essas barragens, mas de maneira básica. Aqui, nesse workshop, temos a oportunidade de ouvir a opinião de pessoas com conhecimento na área e discutimos de forma mais profunda os pontos importantes antes de se construir uma barragem e os impactos”, comentou o estudante. 

O workshop foi organizado pelo Grupo PET Engenharia Civil da UFRR, Associação Brasileira de Mecânica dos Solos (ABMS), com apoio do Departamento de Engenharia Civil da UFRR e conselhos Estadual e Federal de Engenharia e Agronomia de Roraima (Crea e Confea).