Cotidiano

Roraima: Cresce 122% a área média anual de floresta desmatada em 3 anos

Instituto informou que o Estado concentrou 2% do desmatamento da Amazônia entre 2019 e 2021 e que o pico da perda florestal ocorreu nos dois primeiros anos do triênio analisado

Roraima registrou 122% de aumento na área média anual de floresta desmatada entre 2019 e 2021, em relação ao triênio anterior (2016-2018). Foi o maior aumento entre os Estados da Amazônia no período analisado. A conclusão é do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e consta em uma nota técnica divulgada nesta semana.

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Segundo o documento, as análises foram baseadas em dados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), para indicar os principais focos de atenção dos Estados da Amazônia para o combate ao desmatamento, e apontar áreas críticas onde deve se intensificar o controle.


Desmatamento na Amazônia, durante triênio 2019-2021, por categorias (Foto: Reprodução)

Na nota técnica, o instituto informou que, absolutamente, Roraima perdeu em média 203 quilômetros quadrados em relação ao triênio anterior – o Pará ficou no topo dessa lista, com 2.025.

O Ipam informou ainda que o Estado concentrou 2% do desmatamento da Amazônia entre 2019 a 2021, – o Pará liderou a lista, com 43%.

O estudo aponta ainda que o pico de desmatamento em Roraima ocorreu nos dois primeiros anos do último triênio analisado.

A nota técnica também apresenta áreas críticas do Estado, que se concentram próximas a Alto Alegre, Iracema, Mucajaí, Caroebe e Rorainópolis.

O Ipam cita ainda o PAD (Projeto de Assentamento Dirigido) Anauá, de Rorainópolis, entre os que tiveram maior aumento do desmatamento absoluto em três anos na Amazônia.


Áreas críticas de maior aumento absoluto do desmatamento no último triênio na Amazônia (Foto: Reprodução)

“Essas áreas estão sob pressão nos últimos três anos e precisam de ação de comando e controle estruturada, articulada, de inteligência e de fiscalização permanente para punir os responsáveis pelos crimes ambientais e desincentivar a continuidade da prática. Estratégias de incentivos à produção sustentável da sociobiodiversidade também são fundamentais para desestimular o desmatamento nesses territórios”, declarou.

Em geral, o estudo concluiu que, entre 2019 e 2021, o desmatamento de florestas na Amazônia ultrapassou os 10 mil quilômetros quadrados ao ano, o que corresponde a 56,6% a mais que a média anual do triênio anterior.

Causas para o desmatamento na Amazônia

Segundo o estudo, favoreceram o aumento do desmatamento na Amazônia medidas como:

Enfraquecimento da governança ambiental;
Substituições de diretores e de chefes de operação exitosas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis);
Alterações no processo de autuação e de flexibilização das penalidades aos infratores ambientais;
Desmobilização das instâncias de governança e de participação social nas políticas públicas;
Desarticulação institucional nas operações de comando e controle decorrentes do empoderamento do Exército Brasileiro para realizar a fiscalização.

Conforme o Ipam, o desmatamento na Amazônia é impulsionado principalmente pela apropriação ilegal de terras. “Os principais alvos dos especuladores de terra têm sido as Florestas Públicas Não Destinadas de domínio do governo federal, com fortes indícios de grilagem e de interesse em exploração ilegal madeireira”, disse a nota técnica.

Recomendações para intensificar o combate ao desmatamento na Amazônia

O Ipam finaliza a nota técnica emitindo recomendações para o combate ao desmatamento no bioma:

Restabelecimento do PPCDAM (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia) e apoio à reformulação dos PPCDs (Planos Estaduais de Prevenção e Controle do Desmatamento);
Articulação institucional e comando e controle inteligente;
Destinação de florestas públicas para conservação e produção florestal sustentável;
Segurança territorial de Áreas Protegidas (TI e UC) e apoio a economias de base florestal;
Incentivos econômicos para conservação de ativos florestais privados;
Assistência técnica e incentivos econômicos para agricultores familiares;
Revisão de retrocessos de políticas ambientais encaminhadas pelo Legislativo.