Cotidiano

Risco à saúde de servidores é motivo de interdição de matadouro público

Durante a inspeção, foi detectado risco de vazamento de amônia, que poderia causar intoxicação e até a morte dos servidores

O Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima (Mafirr) foi interditado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Roraima (SRTE-RR) por irregularidades referentes às caldeiras e aos riscos à saúde e à proteção dos servidores na manhã de segunda-feira, 25. A fiscalização, feita por uma equipe de auditores fiscais do trabalho, faz parte de um projeto que englobou fiscalizações em outros dois frigoríficos que também foram interditados durante inspeção por apresentarem riscos graves e iminentes à saúde e segurança dos servidores.

Segundo o chefe de fiscalização do SRTE-RR, Virgílio Pires, foi constatado que as caldeiras estavam apresentando risco de explosão, uma vez que não havia qualquer registro de inspeção de manutenção periódica preventiva, medida exigida pela norma regulamentadora nº 13 do Ministério do Trabalho. “Essas caldeiras precisam ter documentos nos locais de trabalho. Nesse documento constam as inspeções, a pressão máxima admitida e os testes hidrostáticos que foram feitos. Vimos que nenhum desses quesitos foi cumprido pelo frigorífico”, relatou.

Durante a inspeção também foi detectado risco de vazamento de amônia, que poderia causar intoxicação e até a morte dos servidores. Havia improviso em relação ao sistema de refrigeração e não havia sistema de detecção de vazamento. Para Pires, a saúde dos trabalhadores também estava comprometida em razão da exposição elevada a material biológico. “Os trabalhadores passavam a maior parte do período com a bota encharcada de sangue. O equipamento de proteção individual (EPI) utilizado não é o mais adequado. Além do contato permanente com o sangue, havia também contato com fezes. Constatamos a necessidade de outro tipo de EPI”, disse.

De acordo com Pires, o próprio Mafirr já havia sido fiscalizado e sido identificada a situação de risco, sendo autuado por essas situações. Contudo, durante a recente fiscalização realizada com uma equipe maior, foi constatado que os problemas se agravaram, o que gerou a medida preventiva de interdição dos setores das caldeiras, da refrigeração e do abate.

A equipe de fiscalização apresentou à empresa um relatório técnico contendo os problemas verificados e o que deve ser feito para regularizar. “Assim que adotar as medidas exigidas, a empresa protocola um pedido de suspensão de interdição no Ministério do Trabalho e a equipe avalia e verifica se é o caso de suspender a interdição. Enquanto não adotar essas medidas, a interdição prevalece”, frisou o chefe de fiscalização.

SEGUNDA INTERDIÇÃO – Não é a primeira vez que o Mafirr é interditado. Em outubro do ano passado o matadouro parou o funcionamento pela falta de equipamento de proteção individual (EPI), fato ocorrido em razão de a empresa vencedora da licitação não ter entregue o material no prazo previsto. O prejuízo ao Governo do Estado foi os mais de 150 bois que deixaram de ser abatidos em um único dia. (A.G.G)

Cerca de 200 animais já deixaram de ser abatidos

Por meio de nota, a Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) informou que o diretor-presidente do órgão, Cícero Batista, junto à Assessoria Jurídica, reuniu-se com representantes da Superintendência do Trabalho na manhã de ontem, 26, com o intuito de esclarecer os fatos e providenciar a reabertura do Mafirr.

“O Mafirr atende a todas as exigências do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura com autorização para funcionamento. Por conta da interdição, 200 animas que estão no curral deixaram de ser abatidos, gerando prejuízo para os pecuaristas, para a Companhia e para os consumidores”, ressaltou.

Conforme nota, o local foi interditado na segunda-feira, 25, por situações pontuais, “destacando a caldeira e a necessidade de um plano de operação pós-vazamento, caso haja uma eventualidade de vazamento de amônia e o uso de equipamentos de segurança”.

Cícero Batista explicou que os equipamentos como bota, luvas, aventais, máscaras, capacete e outros acessórios de segurança são usados pelos servidores. As vestimentas é que são de tecido e com aventais plásticos.

“Atendemos às exigências do SIF e temos autorização técnica para funcionar. Vamos buscar a assinatura de um termo de compromisso, de ajustamento de conduta para adotar as providências. O que não podemos é permitir que o prejuízo seja maior”, afirmou. (A.G.G)

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