Cotidiano

Rapaz denuncia ter sofrido agressões de dois policiais militares em Mucajaí

Família afirma que rapaz levou tiro de borracha e spray de pimenta nos olhos durante abordagem policial

Familiares do autônomo Reniêr Pinho dos Reis, de 23 anos, procuraram a Folha ontem para denunciar que o jovem sofrera agressões físicas por parte de policiais militares do Município de Mucajaí, região Centro-Sul do Estado. O caso ocorreu na madrugada do último sábado, 02. De acordo com a denunciante, irmã da vítima, Josinara Pinho dos Reis, os policiais estavam de serviço em uma viatura do Programa Ronda no Interior.

Segundo ela, Reniêr e outras três pessoas saíram de carro de um festa que aconteceu na cidade por volta das 3 horas, quando dois homens, numa moto cada um, passaram por eles fazendo gestos de que estariam armados. O condutor do carro, cunhado da vítima, percorria a avenida Nossa Senhora de Fátima, que dá acesso à residência onde eles estavam passando alguns dias.  O autônomo conta que, ao chegarem no portão de casa, uma viatura do Programa Ronda no Interior chegou atrás e os abordou fazendo ameaças. Conforme ele, estavam na viatura um soldado e um aluno cabo da Polícia Militar.

A vítima afirma que chegou a questionar por que da abordagem, já que ele e os acompanhantes não haviam feito algo de errado. “Simplesmente não falavam nada, somente nos mandavam colocar as mãos na cabeça, pois caso contrário atirariam em nós. Se não havia motivo, também não obedeci a ordem”, disse. Reniêr lembra que o aluno cabo PM, munido de uma arma calibre 12, bateu fortemente com o cano duas vezes em seu tórax e logo após efetuou o tiro de bala de borracha contra seu pescoço. “Meu irmão poderia ter morrido”, disse Josinara Pinho, pois por pouco a bala não atingiu a artéria do rapaz.

O autônomo conta ainda que, após receber o tiro, o policial o arrastou pelo quintal da casa e usou spray de pimenta em seus olhos. “Minutos depois chegou um tenente, também todo arrogante”, relatou Reis. Em seguida, ele foi levado para ser atendido no hospital, onde o aluno cabo fotografou o ferimento e compartilhou em redes sociais usando mensagens de deboche.

Do hospital, o jovem mais os outros três acompanhantes foram conduzidos para a delegacia. “Lá encontramos com os dois homens que passaram de moto por nós. Suas motos desapareceram. Eles debochavam de nós”, disse.

A família de Reniêr, que mora em Boa Vista, relata que foi avisada por volta das 4 horas e que rapidamente foi até Mucajaí para saber o que havia acontecido. “Questionamos o porquê da prisão de meu irmão e nada nos informaram”, comentou Josinara. “Fiquei alterada com a situação e o tenente ameaçou me prender também”, afirmou.

Segundo ela, algum tempo depois o tenente que os atendeu alegou que o veículo dos envolvidos estaria em contramão na avenida e que tentou atropelar os dois rapazes que passavam de moto no momento em que saíam da festa. “Eles alegaram também que meu irmão tentou tomar a arma do aluno cabo”, acrescentou.

Além disso, a irmã de Reis afirma que o cabo chegou a pronunciar algumas vezes que “era muito bom tirar em filho dos outros”. “Eles, policiais, ainda tiveram ousadia de dizer que, se levássemos a denúncia adiante e fizéssemos perder a farda, eles se vingariam. Nos ameaçaram de morte”, disse. “Isso me deixou indignada. A polícia diz que está aí para proteger o cidadão, mas estão fazendo o contrário. Invadiram a residência e atiraram no meu irmão sem perguntar nada. Essa situação não pode passar em branco. Vamos procurar nossos direitos, nem que seja na justiça. Queremos providências”, completou.

PM – A Folha entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Polícia Militar de Roraima para saber a respeito da denúncia feita pelos familiares de Reniêr Pinho e o comportamento do aluno Cabo. Por meio de nota, a assessoria informou que a Polícia Militar está tomando conhecimento do caso e encaminharia os fatos para a Corregedoria da Corporação adotar as providências cabíveis. A nota diz ainda que a PM se manifestaria somente após a devida apurado do caso.

MPRR – A Folha entrou em contato ainda com o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) para saber que providências seriam tomadas a partir do relato dos familiares, que procuraram o órgão para fazer a denúncia. A assessoria respondeu que está apurando o caso