Cotidiano

Quase 3 mil hectares em Roraima são da agricultura familiar

Esse estilo de produção é o maior responsável pelos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros

Desde a criação do estado de Roraima houve investimento na agropecuária e agricultura. Hoje, a terra macuxi é uma das grandes produtoras de soja, arroz e milho. Mas pouco se fala das frutas, hortaliças e leguminosas produzidas por famílias que plantam para consumo próprio e fonte de renda.

Segundo o Censo Agropecuário de 2017, 77% dos estabelecimentos agrícolas do país foram classificados como de agricultura familiar. Esse estilo de produção é o maior responsável pelos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros como também está presente em Roraima.

Essas famílias normalmente estão ligadas a cooperativas, que são associações autônomas de pessoas voluntariamente unidas para “atender as necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida”, conforme Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Em Roraima, a Cooperativa dos Hortifrutigranjeiros de Boa Vista (CoopHorta) está há 15 anos ativa. O presidente, Odacir Inácio Henz, disse que a cooperativa funciona a partir da chamada pública da prefeitura, governo do estado e exército.

“Com os contratos efetivados, saem os pedidos semanais de produtos, enviamos a demanda que existe para os produtores cadastrados que têm as produções. Dependendo da quantidade do pedido que vem, a gente divide entre os produtores dos referidos itens de maneira igual”, disse.

Esses contratos são de abastecimento das escolas estaduais e municipais e das bases do exército brasileiro. A cooperativa consegue vender até a cidade de Manaus, onde a venda é de produtos excedentes.

“A gente tem um dos caminhões que já faz as entregas para o lado do Exército, Marinha e Aeronáutica, então a gente aproveita para que quando tiver produto excedente, já comercializa em Manaus”, explicou Odacir.

Nesse tempo pandêmico não comercializaram para o governo do estado, nem para prefeitura. Mantiveram os contratos possíveis e venderam para os comércios, sem afetar os agricultores que também procuram vender os produtos à parte.

AS FAMÍLIAS – A cooperativa tem cerca de 730 famílias cooperadas que atuam nos municípios do estado, menos Uiramutã e Normandia. Uma dessas famílias é a de Lucrecia Solarza. Ela, o marido, Nestor Ariel, e os dois filhos vivem na Zona Rural de Boa Vista e são responsáveis pela produção de três tipos de citrus – laranja, limão e tangerina. A família está a quatro anos ligada à CoopHorta.

Eles chegaram à capital em 2004 e sempre trabalharam com a agricultura. Não só produzem e colhem como também comercializam nas feiras e mercados da cidade, sendo essa a única fonte de renda da família. “A gente tem uma rentabilidade bem equilibrada do sustento da nossa família”, disse Nestor, o responsável também pela produção e negócio. A técnica da família de variação de tipagem do citrus permite maior alcance no mercado regional.

Atualmente, a família está com a produção em 50 hectares de soja, 10 de milho e 5 de feijão-caupi. Mas a atividade principal é a cultura de citrus.

Ainda segundo o censo agropecuário, 26.362,79 km2 de terra do estado de Roraima são de estabelecimentos agropecuários e desses, 2.922 hectares são de produtores cooperados. Ao todo, esses agricultores produzem mais de 40 culturas em lavouras permanentes e 22 tipos de modo temporário.