Cotidiano

Programa é efetivo no combate ao crime, mesmo com redução de viaturas

Do total de viaturas, dez foram devolvidas; crise no sistema prisional motivou falta de efetivo para atender programa

Há pouco mais de um ano, o Governo do Estado implantou o programa Ronda no Bairro e a extensão Ronda no Interior. Até agora, para o comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel João Lins dos Santos Filho, o balanço do programa é positivo.

A princípio, foram contratadas 40 viaturas pela PM, divididas entre a capital Boa Vista e os municípios do interior. Contudo, no final do mês de março, o programa sofreu uma redução no número dos carros. Dos 40 veículos de quatro rodas, restaram somente 30 para o atendimento à segurança da população em Roraima.

Segundo o comandante-geral, uma crise no setor prisional, iniciada em outubro do ano passado, fez com que o comando remanejasse a quantidade de policiais atuantes do Ronda no Bairro para as unidades prisionais. “O comando entendeu que deveria dar uma atenção àquilo. O fato de detentos fugirem da PAMC [Penitenciária Agrícola de Monte Cristo] representava problemas até mesmo para o próprio Ronda no Bairro. Se as fugas não são contidas, o problema nas ruas pode ser muito pior”, relatou Santos Filho.

Conforme explicou, as ocorrências registradas na Capital têm uma relação muito estreita com pessoas que estão dentro daquele sistema prisional. Por conta desta retração no contingente de policiais que foram remanejados para a penitenciária, teria aparecido, naturalmente, a necessidade de ser feita uma retração da quantidade de veículos que ficariam disponíveis para atuar no programa. “No início da atual gestão, tiramos dez veículos de circulação e mantivemos 30 carros até agora”, disse.

Santos Filho afirmou que a situação deve ser temporária, pois a ideia da instituição é de que o número de viaturas e de policiais necessários para atender à demanda seja reajustado. “A corporação está buscando meios para isto: readequando o próprio corpo administrativo, trazendo pessoas da atividade-meio para a atividade-fim e assim fazer com que o Ronda no Bairro volte a ser mais amplo”, declarou.

Hoje, 28 viaturas atuam nos 60 bairros de Boa Vista. Por questões estratégicas, Pacaraima, na região Norte, e Rorainópolis, na região Sul do Estado, também possuem uma viatura cada. A primeira foi escolhida pela localização fronteiriça; a segunda, pelo número populacional considerável da região, conforme explicou o comandante da PM.

A ideia da atuação do programa no interior do Estado segue basicamente a mesma da Capital. O problema do interior também está relacionado ao contingente de policiais. “[Eles] atuam na mesma filosofia, só que num universo menor, por assim dizer. Estas duas viaturas atendem, juntamente com as outras guarnições, as demandas da população, garantindo a segurança destes locais”, comentou o comandante-geral da PM.

MOTOS – Quanto às 40 motocicletas entregues em junho do ano passado com o lançamento do programa, não estão sendo atualizadas atualmente. “O programa foi pensado para ter duas motocicletas de apoio para cada viatura, mas elas não foram utilizadas. Chegaram a vir para o Estado, mas não houve efetivo para utilizá-las”, complementou. (JPP)

Policiais receberam treinamento específico

Implantado dentro da filosofia de policiamento comunitário, os policiais militares receberam treinamentos e capacitações para realizar uma nova forma de policiamento ostensivo, permanecendo mais próximos à população, conforme o comandante-geral da Polícia Militar, coronel João Lins dos Santos Filho.

Ele acredita que a “ostensividade como meio de dissuasão e desestímulo àqueles que pretendem cometer quaisquer tipos de delitos é efetivo”. “O efeito é um fato. A presença da polícia inibe isso. Além disso, o programa não é algo fechado. Ele sofre a influência das variáveis externas, que podem ser as mudanças no modo de agir dos agentes criminosos, mudanças dentro da própria cidade ou adequações que nós mesmos tenhamos de fazer”, frisou.

O tenente-coronel Eliabe de Souza Campos foi um dos oficiais que participou ativamente na ativação do Ronda no Bairro. Na época, Campos era o comandante do 1º Batalhão da PM (Boa Vista tem dois BPMs). Ele contou que antes da implementação do programa havia apenas quatro viaturas em toda a cidade, duas em cada área, além de duas viaturas da Força Tática, que funcionam como um tipo de policiamento mais especializado.

Ele afirmou que o efetivo atuante respondeu positivamente desde o início do programa. “Os policiais gostam por causa do contato com a população, identificando, junto a ela, os problemas existentes. Existe uma interação que acreditamos ser também apreciada pela própria população. Dentro daquilo que nos compete, temos tentado fazer o melhor”, assegurou.

ÁREAS – Com o programa, foram estabelecidas cinco áreas integradas de segurança comunitária. Num primeiro momento, as áreas foram dividias, levando-se em consideração a densidade demográfica dos bairros atendidos, dados socioeconômicos da população, número de escolas, bancos, comércios, o setor residencial e suas extensões territoriais. “As viaturas foram colocadas nessas áreas, que se dividem em 60 setores, administradas por um oficial [tenente] responsável, que coordenava as viaturas dentro das áreas. Essas áreas iam ser organizadas em uma espécie de distritos, o que acabou não se concretizando devido a fatores alheios à instituição”, disse Santos Filho. (J.P.P)