O período seco deste ano, que começa em outubro e termina em março de 2107, será rigoroso, de acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh). Contudo, o meteorologista da instituição, Ramón Alves, relatou que as previsões do verão e do inverno, inverno esse que não foi rigoroso, estão conforme o previsto pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec).
Alves explicou que, apesar da previsão, o período seco será menos rigoroso que o do ano passado, quando o rio atingiu o nível mínimo de captação de água de 0,19 m, uma vez que a região Norte não tem mais a atuação do fenômeno El Niño, que começou no final de 2014 e acabou em maio deste ano.
O El Niño ocorre quando parte do fluxo de umidade é transferida para o Sul do País, o que torna comum a escassez de chuva. Segundo dados obtidos da Rede Hidrometeorológica Nacional (RNH), na manhã de ontem, 06, o nível do Rio Branco baixou cerca de 1,24 m na última semana, saindo de 3,27 m para 2,03 m. Os dados mostraram que o rio se encontra abaixo que o observado no mesmo dia de 2015, que foi de 2,27 m.
Com base no boletim hidroclimático da Femarh para o mês de setembro, bem ao norte de sua posição, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) exercerá pouca influência no regime de chuvas em Roraima nesse último mês do período chuvoso. A previsão para os próximos dias no Estado são de tempo nublado a parcialmente nublado, com pancadas de chuva e com tendência de temperaturas estáveis e variações entre 23° C e 36° C.
A segunda quinzena do mês de setembro marca o final do período chuvoso no Estado. Ainda de acordo com o boletim, o término terá como consequência a diminuição dos principais rios da sub-bacia Rio Branco, os rios Tacutu, Uiramutã e Uraricoera, que já tiveram registros muito abaixo da média nos últimos anos.
DICAS GERAIS – Durante o período seco, alguns cuidados devem ser tomados para o bem do corpo, como beber de dois a três litros de água durante o dia para não se desidratar, comer frutas, verduras e legumes ricos em água como pepino, melancia, melão, abacaxi e maçã, usar chapéu ou boné e roupas leves e claras e passar protetor solar, repassando-o de 2h em 2h.
Tendência é de ano quente depois de período de seca, diz especialista
Segundo o coordenador do laboratório de estudos hidrológicos e sedimentológicos do Instituto de Geociência da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Carlos Sander, o início do mês de setembro é realmente desconfortável em termos de temperatura e que, para um estudo desse assunto em Boa Vista, o desenvolvimento e crescimento da cidade influenciam.
O coordenador explicou que a tendência é que o nível do Rio Branco ainda será abaixo do que deveria ser para esse período pós El Nino do que outros anos, quando se teve estações chuvosas baixas, mas não críticas. “No ano passado, a temperatura foi mais quente que o normal, choveu muito pouco. Quando temos anos muito secos, sempre vamos ter anos mais quentes”, frisou.
Segundo ele, influencia no clima a instalação de uma cidade com suas características estruturais, como o uso de concreto, asfalto, baixa arborização, muita área construída e a redução da circulação do ar devido muros e prédios. Explicou que a análise deve ser feita sob vários pontos, já que o clima pode não ser diferente em termos regionais, mas pode estar em uma localidade específica por conta de alterações que foram feitas.
Outro fator importante em termos de análise de temperatura na Capital diz respeito ao comportamento das chuvas e de temperatura. Obviamente, as temperaturas mais elevadas ocorrem quando as chuvas são escassas; e quando a temperatura está baixa, é observado um maior volume de chuva. “A nebulosidade também influencia a temperatura, já que as nuvens podem filtrar cerca de 30% da radiação solar. Não impede por completo, mas ameniza”, disse.
De acordo com o coordenador, o movimento de translação do sol é outro fator que favorece os momentos críticos em termos de temperatura. Durante sua rotação, metade do ano o sol está mais voltado para o Hemisfério Sul, e na outra metade, para o Hemisfério Norte. Na medida em que o sol se desloca de um para o outro, haverá dois períodos do ano em que o sol vai estar totalmente num ângulo de 90º.
“Esse é o momento de maior volume de radiação chegando à nossa região, e aí ocorre o aumento da temperatura. Basicamente, no início de setembro e ao final de março para abril, coincidindo nos períodos mais críticos e de mais radiação”, relatou Sander. Ainda assim, mesmo que tivesse chovido dentro da média, o coordenador lembrou que há todos aqueles espaços e águas que foram consumidas nos meses anteriores e que devem ser repostos.
(A.G.G)
Após fim das chuvas, número de doenças provocadas pelo Aedes aegypti reduzem
O fim do período chuvoso contribuiu para a diminuição dos casos de doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti em Roraima. Em agosto deste ano, se comparado aos meses anteriores, foi registrada queda de mais de 60% nos casos confirmados de dengue, zika e chikungunya em quase todos os municípios do Estado.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesau), em março deste ano foram confirmados 46 casos de dengue. Caroebe (Sudeste do Estado), foi o município com o maior índice da doença, totalizando 32 casos, seguido por Boa Vista, com 11, e Mucajaí (Centro-Oeste), São João da Baliza (Sul) e Uiramutã (Nordeste) com 1 caso confirmado em cada comarca.
No mesmo período, houve dois casos de chikungunya, um em Boa Vista e outro em Mucajaí. Em julho, ainda durante o período chuvoso, foram registrados 25 casos de zika, sendo 22 na Capital, dois em Mucajaí e um em Caracaraí.
Em agosto, quando as chuvas começam a cessar em Roraima, foram registrados apenas 12 casos de dengue: 11 em São João da Baliza e um em Boa Vista. Em relação à zika, houve oito casos confirmados: quatro em Boa Vista, três em Rorainópolis e um em Mucajaí. Não houve confirmações de casos de chikungunya.
Os dados da Sesau mostram que de março a agosto deste ano, os casos de dengue diminuíram em 73,9%. No mesmo período, os casos de chikungunya diminuíram em 100%. E em relação aos casos de zika, se comparado julho a agosto, a queda de casos confirmados foi de 68%. Ou seja, após o fim do período chuvoso, foi registrada diminuição de mais de 60% nos casos de doenças causadas pelo Aedes aegypti no Estado.
MICROCEFALIA – Em 2016, foram notificados 30 casos de microcefalia associados ao vírus Zika em Roraima. Destes, 13 foram descartados, sete estão sob investigação e 10 foram confirmados. Boa Vista lidera esse índice, com sete casos confirmados; seguido por Rorainópolis com dois e Uiramutã com um.
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, após a associação da microcefalia ao zika, toda a rede municipal se mobilizou na captação de mulheres grávidas com sintomas compatíveis com o vírus. Dados da instituição mostram que este ano, de janeiro até o momento, já foram identificadas 27 gestantes.
“Toda notificação de gestante, com suspeita de zika, recebida pela vigilância em saúde do município é encaminhada à Atenção Básica, que organiza o acompanhamento com as Equipes de Estratégia de Saúde da Família e realizam os exames do pré-natal e o monitoramento adequado da gestação”, informou.
A Secretaria Municipal de Saúde afirmou ainda que existem profissionais realizando o acompanhamento das gestantes. “É importante que as gestantes mantenham toda a rotina do pré-natal normalmente. Por isso o médico, enfermeiro e agente comunitário realizam o acompanhamento tanto nas consultas na unidade básica de saúde como na visita domiciliar.”, concluiu. (B.B)