Cotidiano

Preço do combustível dispara em postos

Até a semana passada, litro da gasolina era vendido por R$ 4,19 e agora já está custando R$ 4,35 à vista

Motoristas de Boa Vista tomaram um susto ontem, 3, ao abastecerem seus veículos. O litro da gasolina comum, que até semana passada estava R$ 4,19, agora está sendo vendido a R$ 4,35. Em alguns postos, o litro está custando R$ 4,56. Algumas redes já vinham alterando seus preços desde sexta-feira, 31.

A equipe de reportagem da Folha percorreu seis bairros da cidade: Buritis, Caçari, Caimbé, Centro, Jardim Floresta e São Pedro. Na maior parte dos postos visitados, os preços ofertados no dinheiro à vista para o litro da gasolina variam entre R$ 4,35, em bairros mais afastados do Centro Cívico, como Caimbé, e R$ 4,40, em localidades centrais e nobres, como o Caçari. 

Poucos postos ainda arriscaram arcar com os antigos preços de combustíveis, de R$ 4,19 no débito e R$ 4,34 no crédito, por ainda possuírem estoque de antes do aumento nas refinarias. Nestes locais, filas enormes caracterizaram o movimento ontem.

O motorista de transportadora, Flávio da Van, contou que boa parte das pessoas que trabalham com transporte estava correndo para esses postos. “Enchi meu carote com cinco litros de combustível. Para quem trabalha com isso, é muito complicado lidar com um aumento tão repentino, então estamos todos nos precavendo”, afirmou.

Na semana passada, muitos postos de combustível da Capital estavam apostando nas promoções. O gerente de uma rede de postos da Capital, William Coelho, explicou que a promoção foi um artifício usado para atrair clientes, uma vez que os preços ofertados por refinarias e distribuidoras já vinham crescendo mais a cada dia.

“Em tempos de crise, a concorrência entre postos está muito acirrada aqui em Boa Vista. Baixar o preço da gasolina para R$ 4,19 é o máximo que podíamos fazer e isso gerou prejuízo para muitos desses comércios. As refinarias estão aumentando cada vez mais o preço para o combustível e o preço do litro que pago já está chegando a quase R$ 3,80. Estamos todos até o pescoço aguentando tudo isso”, afirmou. 

No fim das contas, a maior parte do prejuízo cai sobre a população. O técnico de telecomunicações, Leuço Alves, por exemplo, comentou que, enquanto os preços estão obedecendo as tendências do mercado internacional, o seu salário não varia da mesma forma. “Isso aí é algo que quase não dá para nós acompanharmos. Já tô ouvindo de pessoas que já estão até tirando da cesta básica um valor para pagar sua gasolina. Alguém precisa fazer alguma coisa, nem que seja uma nova greve dos caminhoneiros”, sugeriu.

O motoboy Anderson Santos contou que a empresa em que trabalha oferece um valor fixo mensal para pagamento de combustível e, no final do mês, ele acaba arcando com o gasto a mais para poder trabalhar. “Toda empresa do tipo oferece um valor X para gastos de combustível, que não consegue acompanhar as mudanças do preço do litro. Um tanque cheio na minha moto dura três dias no máximo, então acabo pagando para continuar rodando”, explicou.

Aumento no diesel impacta no preço do frete

O diesel, cujo preço mais alto do litro até então era de R$ 3,53, atingiu os R$ 3,72 e, em alguns lugares, R$ 3,89. Esse salto nos preços é um reflexo do fim de congelamento de preços do combustível pelo Governo Federal, feito com a intenção de encerrar a greve nacional dos caminhoneiros, ocorrida em maio.

Com isso, o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Roraima (SETCERR), Valcir Peccini, afirmou em entrevista à Folha que o reajuste, autorizado pela Petrobras na sexta-feira passada, 31, irá impactar no preço de fretes já nas próximas semanas.

“Os postos estão aumentando entre R$ 0,20 a R$ 0,40 e, por isso, a tendência é que com a chegada das próximas cargas para Roraima, o preço do translado aumente e, como consequência, todos os produtos de prateleiras em comércios também. A greve dos caminhoneiros foi muito impactante para a sociedade e não há mais condições para que isso ocorra de novo, então a hora é de tocar o barco e reajustar nossas tabelas”, contou. (P.B)