Cotidiano

População, turistas e órgãos públicos sofrem sérios prejuízos com apagões

Comerciantes estão acumulando prejuízos por causa da falta de energia e a população sofre também sem telefonia móvel e água

Desde o dia 13 de abril, a população do Munícipio de Pacaraima, localizada ao Norte de Roraima, na fronteira com a Venezuela, vem sofrendo constantes faltas de energia elétrica devido ao racionamento energético do país vizinho. Inicialmente os cortes eram de aproximadamente duas horas por dia, porém, desde 04 de maio, a cidade está passando mais de quatro horas sem eletricidade.

Os transtornos são inúmeros. A população fica sem comunicação de telefonia móvel e sem água, as instituições são impossibilitadas de realizar qualquer atividade que dependa de computador ou internet, afetando diretamente bancos, sistemas da Polícia Federal, Receita, Comarca, entre outros. Os comerciantes reclamam que muitas mercadorias estão estragando, como sorvetes, frios, além de limitar as vendas, pois não podem usar a máquina de cartão de crédito e débito.

De acordo com os funcionários da Companhia Energética de Roraima (CERR), em Pacaraima, o órgão não recebeu nenhum documento informando sobre o racionamento e quando procuraram a sede da Corpoelec, companhia de energia em Santa Elena, a resposta foi que estão cumprindo ordens e não podem nem disponibilizar uma programação dos cortes, pois dependem da central em Puerto Ordaz e são informados diariamente, via telefônica, sobre os desligamentos.

De 13 a 24 de abril o desligamento foi realizado por aproximadamente duas horas diárias e não teve mais, até semana passada, dia 04 de maio, quando começou a faltar energia por mais de quatro horas diárias, em horários alternados, exceto no fim de semana. Geralmente, os horários de desligamentos são de 8h às 12h, de 12h às 16h ou de 16h às 20h.

TRANSTORNOS – Para um dos principais supermercados da cidade, as constantes faltas de energia já geraram grandes prejuízos. Entre eles, a câmera frigorífica que queimou e teve como resultado dez caixas de frango estragadas. Segundo a proprietária do estabelecimento, Leidimar Torquato, as verduras também estão estragando. “Nós já estamos correndo atrás de um gerador, pois não podemos continuar no prejuízo. Pagamos R$ 8 mil por mês e, mesmo com essa falta de energia, a conta não baixou”, explicou a empresária.

As padarias da cidade também perderam mercadorias que não terminaram de assar por falta de eletricidade. Os fornos usados na geração de pães são a lenha, mas também precisam de energia elétrica para funcionar. Claudomira Fernandes, dona de uma padaria no Bairro Vila Nova, está preocupada com a situação. “Passamos um dia inteiro parados, sem produção, e agora estamos diminuindo a quantidade de pão, para não ficar no prejuízo, pois às vezes não dá tempo de assar. Hoje, por exemplo, faltou luz a manhã toda e, por isso, não teremos pão à tarde”.

PF – Na Polícia Federal, as filas de viajantes querendo carimbar entradas e saídas do Brasil é grande todos os dias. Com essa falta de energia ficou pior, pois sem o sistema não podem fazer nenhuma nova entrada de venezuelanos nem saída de brasileiros. Apenas recebem o documento de saída do Brasil os estrangeiros que estão retornando, já com a data limite, e a entrada de brasileiros que retornam da Venezuela.

O Departamento de Polícia Federal, em Pacaraima, já solicitou um gerador de energia movido a diesel, que será instalado, nas próximas semanas, para poder atender a grande demanda de turistas, quando houver desligamento do sistema elétrico.

TURISMO – Um casal de turistas brasileiros ficou prejudicado nesta segunda feira, 10, pela falta de energia. Vindos de São Paulo (SP) para conhecer o Monte Roraima, chegaram às 8h na Polícia Federal e tiveram que esperar até o meio-dia para carimbar o passaporte com a saída do Brasil. Segundo Osvaldo Nakatami, eles não perderam o passeio porque programaram esse dia para a chegada em Santa Elena e a saída para o monte seria no dia seguinte. “Eu sabia que a Venezuela estava em crise, que tinha problemas com a energia elétrica, mas não sabia que afetava o Brasil”, salientou o turista.

Um haitiano, que mora em Caracas e estava fazendo compras em Boa Vista, disse que essa situação gera atrasos e gastos. “Eu estou com passagem de ônibus para sair às 11h de Santa Elena. Se não conseguir carimbar, vou perder dinheiro e tempo”, reclamou. Mas o turista não perdeu o ônibus, pois esses casos de retorno ao país de origem estão sendo resolvidos pela Polícia Federal.

ESCOLAS – Na educação também há transtornos, como falta de água nos banheiros das escolas e para a preparação da merenda escolar. Além de não poderem usar os ventiladores nem as lâmpadas. Para as instituições que funcionam à noite, como a Universidade Estadual de Roraima, pelo menos um dia na semana ficam às escuras, sem poder realizar qualquer atividade.