Cotidiano

Pais relatam prejuízos com adiamento de aulas

Gastos com material escolar e fardamento estão entre as principais reclamações, pois alguns tiveram uma despesa a mais antes do início das aulas da rede estadual

O adiamento do ano letivo pegou pais, professores e alunos de surpresa. No anúncio feito pela Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed), quatro dias antes da data prevista inicialmente, foi informado que o começo das aulas foi transferido para 7 de março. Em meio à situação, pais e responsáveis reclamam dos transtornos com a compra de material e fardamento.

Pai de dois filhos do Ensino Fundamental, o administrador Gleucemir Rodrigues chegou a gastar em torno de R$ 550 com a compra dos uniformes e também do material. De acordo com ele, o que minimizou a situação foi o planejamento feito previamente para conseguir economizar o máximo possível, seja reutilizando material ou farda do ano anterior.

Contudo, ele aponta que conhecidos tiveram que deixar de pagar contas para conseguirem custear toda a necessidade dos estudantes. Para Rodrigues, a situação se torna pior com um calendário atrasado porque, em caso de aulas aos sábados, há um gasto maior com gasolina e prejudica diretamente nos aspectos familiares, tanto dos alunos quanto dos professores.

“Minha preocupação é a readequação desse calendário, de que forma vai ser compensado? O professor vai ter uma carga horária triplicada porque leva trabalho para casa. Como vai ser para passarmos o sábado e domingo com os nossos filhos? Isso afeta o psicológico da criança ter que estar passando por tudo isso e chegar sábado ter que estar indo para a escola”, criticou.

Rodrigues destacou que há inúmeros pais que são funcionários públicos estaduais e ficaram meses sem receber, tendo de procurar alternativas para a compra de fardas. Nessas situações, o administrador pontua que um dia letivo a mais também impacta na economia das famílias que dependem do transporte público e precisam bancar esse deslocamento a mais.

“Imagina ter tirado dinheiro da conta de energia ou da água, que sabemos que as empresas não se importam e cortam. É um gasto a mais. Eu acho uma falta de respeito do governo para conosco e com o planejamento de quem paga os impostos em dia e tenta dar o melhor para o filho. Se a gente paga um imposto tão alto e tem que comprar uma vestimenta que não encontra abaixo de R$ 100, é um absurdo”, completou o administrador.

Já uma mãe que não quis ser identificada e tem o filho matriculado na 1ª série do Ensino Médio teve que comprar o fardamento completo antes do calendário ser adiado, mesmo informando que o aluno se mudaria para o Estado de São Paulo após uma seletiva para jogar futebol.

“Ele viaja dia 6 de março. Então, fui até a escola, antes do adiamento do calendário, tentar um acordo com a coordenação para não ter que gastar dinheiro com um uniforme que ele iria usar só um mês de aula. Perguntei se podia ir somente com a camiseta e usar calça jeans, mas a coordenadora disse que ele não entraria na escola se não fosse com o uniforme completo”, relembrou.

Com isso, a mãe teve que conseguir um dinheiro a mais para comprar todo o restante do fardamento, em torno de R$ 100, com a calça e camisa. Quando chegou em casa, no período da noite, descobriu a decisão de suspender o calendário por 30 dias.

“Então o meu filho vai viajar 6 de março e as aulas começam dia 7 e ele não vai usar o uniforme que eu comprei nenhum dia. Estou muito chateada porque o governo não vai me repor isso. Dizem que não é obrigado o aluno entrar [na escola] de farda, mas isso é uma mentira porque eles não dão a farda e se for sem o uniforme, não entra mesmo”, encerrou.

Seed e Sinter devem se reunir para definir novo calendário escolar

Por meio de nota, a Secretaria de Educação e Desportos (Seed) informou que uma comissão se reunirá esta semana com representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinter) para definir o novo calendário escolar, que deve conter no mínimo 200 dias letivos.

Nesse sentido, serão definidas as formas de reposição de aulas, a fim de não causar prejuízo intelectual ao alunado. No momento que o novo calendário estiver definido em comum acordo com a categoria, será dada a devida publicidade.

SINTER – De acordo com o presidente do Sinter, Flávio Bezerra, o sindicato iria fazer uma assembleia com os professores para decidir quais propostas serão levadas para a reunião com a secretaria.

“A gente não defende a suspensão do calendário da forma que está. Na última paralisação que tivemos, ele foi submetido à comunidade e, essa sim, encaminhou sua reposição de acordo com cada escola. Com a falta do transporte e merenda, tem escolas que terminaram o ano letivo mais cedo”, relatou.

O presidente destacou que por causa dessa situação fica complicado tratar de forma igual as diversas situações que são encontradas na rede de educação. “Vamos consultar os trabalhadores e tentar estudar uma proposta única. A princípio, a gente não aceita o retorno somente dia 7 de março. Isso prejudica não só os trabalhadores em Educação, mas também a sociedade roraimense. Os alunos que estão concluindo e vão prestar vestibular e os pais que se programam para as férias”, encerrou.