Cotidiano

Pais e alunos paralisam aulas e fecham portão de escola militarizada

Na pauta de reivindicações está a reforma do prédio, com troca de forro, instalação de nova rede elétrica, ares-condicionados e a qualidade da água; Seed informou que escola está cronograma de reformas

Uma cena inusitada aconteceu no início da tarde desta quinta-feira, dia 30, na Escola Estadual Militarizada Tenente João de Azevedo Cruz, na Vila Nova Colina, município de Rorainópolis, cerca de 330 quilômetros de Boa Vista, quando pais de alunos fecharam os portões da Unidade de Ensino como forma de protesto contra as condições estruturais do prédio que, segundo eles, é precária.

De acordo com o auxiliar de serviços gerais e pai de aluno, Francisco Cruz da Silva, morador da Vila há mais de 30 anos, faz aproximadamente 40 dias que um representante da Secretaria Estadual de Educação e Desperto (Seed), do atual governo, esteve na comunidade e prometeu uma reforma para a escola, sabendo das necessidades.

“Faz muitos anos que essa promessa de reforma se arrasta. A situação é precária, com forro caindo por cima de aluno e professor, fiação dando curto-circuito. Esse representante disse que o governo iria iniciar a reforma e enviar uma empresa para fazer o trabalho. Mas, no sábado [dia 25], representantes do governo estavam em Rorainópolis para entrega de tratores e de uma Casa de Farinha e, ao serem cobrados por nós, informaram que a reforma da Escola não poderia ser iniciada porque o governo perdeu o prazo do projeto para contratar empresa e executar a obra. Inventaram um monte de história, inclusive, queriam que a gestão da escola fizesse um documento, um comunicado aos pais, para continuar empurrando o problema com a barriga, como fizeram das outras vezes. Tanto o gestor militar quanto o gestor pedagógico não aceitaram o pedido, foram demitidos e substituídos por pessoas que aceitassem fazer uma maquiagem”, desabafou Francisco Cruz.

Inconformados, os pais não aceitaram a resposta que obtiveram e nesta quinta-feira reuniram na quadra da Escola, junto com os filhos, professores e decidiram pela paralisação. Em ato simbólico, os portões da instituição escolar foram fechados. Todas as ações foram registradas em vídeos.

“Agora estamos esperando um representante do governo vir para ver o que eles vão falar para a gente. Ninguém apareceu até agora. Chegou um carro trazendo ar-condicionado, mas nós não vamos abrir a escola enquanto não tivermos uma explicação e um prazo para a reforma começar. Não vamos enviar nossos filhos para as aulas. É um problema que não dá para arrastar. Meu filho e dois sobrinhos estudam lá, naquele prédio comprometido. A população não aceita mais ser enganada”, enfatizou Cruz.

Outro ponto de reclamação e reivindicação é sobre a qualidade da água que os alunos e demais servidores estão consumindo. “A água da Escola é imprópria para os alunos beberem e quem bebe está passando mal. Os professores estão levando a própria água para beber. Tem alunos com problemas de saúde por causa da qualidade da água. A água que abastece a escola parece um suco de buriti. Não podemos nem chamar de água”, cobrou o denunciante.


A Escola é a única instituição de ensino do Estado que atende aos alunos da Vila e das proximidades. (Foto: Divulgação)

A reportagem da Folha enviou para o governo os pontos de reivindicação dos pais e alunos da referida escola, a fim de que se manifeste. Em resposta, informaram que a escola está no cronograma de reformas do Governo e que ano passado foi realizada a licitação, que fracassou. Confira a nota na integra:

A Secretaria de Educação e Desporto informa que o Colégio Estadual Militarizado Tenente João de Azevedo Cruz, na Vila Nova Colina em Rorainópolis, está no cronograma de reformas do Governo de Roraima. Esclarece que no ano passado foi realizada a licitação, porém, a mesma deu fracassada (quando as propostas apresentadas não são válidas). No momento, a Seed está organizando o processo para uma nova licitação. O mesmo encontra-se na fase de liberação de empenho para ser encaminhado à Secretaria de Infraestrutura, para o procedimento licitatório. O processo está orçado em R$ 1,3 milhões sendo R$ 349 mil de emenda parlamentar.

Manutenção no prédio escolar

A Seed informa que, enquanto o processo para reforma está em andamento, uma equipe de logística foi acionada nesta quinta-feira, 30, para ir até a unidade de ensino a fim de realizar a manutenção imediata na parte elétrica e hidráulica, além da instalação de 15 centrais de ar e consertos dos vidros das janelas. As centrais e demais equipamentos já se encontram na escola.

Sobre a denúncia da demissão da gestão, em razão de não terem obedecido um possível comando da Seed, não procede. A Seed ressalta que está de portas abertas ao diálogo com a comunidade escolar. E reitera que está atenta às necessidades de reformas e manutenção das escolas tanto da capital quanto do interior do Estado, e que o Governo de Roraima vem atuando para modificar a realidade da estrutura dos prédios escolares.

Destaca ainda que até o momento foram reinauguradas 44 escolas em todo o Estado, duas delas se encontram em Rorainópolis: Escola Estadual José Bonifácio (Região baixo Rio Branco) e Escola Leopoldo Campelo (Vila Jundiá)

*Matéria atualizada às 18h25 com a resposta da Seed.