Cotidiano

Pacientes reclamam da demora para serem atendidos no PA Airton Rocha

Muitos relataram ter chegado ainda nas primeiras horas da manhã e até as 16h ainda não haviam passado pelo médico

Pacientes que estavam ontem no Pronto Atendimento Ayrton Rocha, anexo do Hospital Geral de Roraima (HGR), reclamaram da demora para serem atendidos. Muitos chegaram à unidade de saúde às 8h, mas às 16 ainda aguardavam o chamado. Segundo eles, o atendimento ficou paralisado por duas horas e as pessoas só voltaram a ser atendidas depois que as pessoas, insatisfeitas, se reuniram para questionar a situação, o que resultou em um princípio de tumulto na recepção.

Os pacientes consideraram injustificável a demora de cerca de sete horas, mesmo eles estando com as pulseiras de cores azul e verde, que significam sem urgência ou pouca urgência, respectivamente. A Folha foi conferir a situação. Ao mesmo tempo em que as pessoas demonstravam fadiga, a indignação era evidente. “Estou desde as 8h e ainda não passei pelo médico. Estou com mal-estar, febre, dor de cabeça e no corpo. Já vomitei e até agora nada”, reclamou a atendente de loja, Shirley Barros.

Na parede do hospital havia fixada uma escala informando a atuação de cinco médicos naquela tarde. No entanto, os pacientes disseram que apenas dois estavam atendendo. “Está faltando médico e não tem nem a metade da escala trabalhando. Sem falar no tempo de duas horas em que nenhum paciente foi chamado. É um atendimento desorganizado, pois pessoas que chegaram depois, com a mesma pulseira verde, passaram na frente”, denunciou a cabeleireira Rosaélia Vieira Carneiro, que relatou sentir dor no ouvido.

Na mesma situação estava a cozinheira Sandra Lins. Ela esperava desde as primeiras horas da manhã. “Só passei pela triagem. Acho que nem serei atendida diante da quantidade de pessoas à espera. Estou com a pulseira azul, que não é levada em consideração. Na triagem disseram que não tenho nada e me mandaram para o posto de saúde, mas estou toda empolada e com mal estar. Isso é uma falta de respeito”.  

Outros até haviam passado pelo médico no período da manhã, mas ainda aguardavam novamente serem chamados para apresentar os exames realizados. É o caso do trabalhador braçal Antônio de Sousa, que saiu da Vila Samaúma, no Município de Alto Alegre, Centro-Oeste do Estado. Ele chegou às 9h com problema de garganta e às 15h50 ainda aguardava. “Já são mais de seis horas de espera. Muito tempo para um atendimento”, relatou.

A secretária de escritório, Silvana Gomes Santos, também estava entre os que esperavam atendimento desde a manhã. “Sinto dor no corpo e na cabeça. Até fui atendida e medicada, diferente de muitos aqui, mas ainda aguardo para mostrar os exames e saber o que tenho, pois estou com dor no corpo e na cabeça. Já são quase 4 horas da tarde”, reclamou a paciente.  

Sesau diz que pacientes deveriam buscar atendimento nos postos

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) afirmou que as reclamações por demora no atendimento são geralmente de pacientes classificados na cor verde (pouco urgente) e azul (não urgente), que deveriam primeiramente procurar atendimentos nos postos de saúde. Já as pessoas em casos mais graves, classificadas na cor vermelha, laranja e amarelo têm o período de espera respeitado.

Conforme as informações, o Pronto Atendimento Airton Rocha é destinado a atender casos de urgência e que cinco médicos atendem na unidade nos consultórios diuturnamente. “Vale ressaltar que, no início da semana, a demanda na unidade é sempre maior, principalmente de pacientes mais urgentes, classificados nas cores laranja e amarelo. Não houve registro de pausas no atendimento, conforme citado na denúncia. Todos estão sendo atendidos conforme o grau de gravidade”, afirmou.

POSTOS – A nota esclarece que os postos de saúde são a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), e que as pessoas devem se dirigir a estes centros de saúde para consultas de rotina, acompanhamentos médicos, receitas, vacinas e problemas menos complexos como dores leves, febres baixas, problemas crônicos, traumas leves, sintomas leves de gripe, tonturas, dor abdominal leve, mal-estar, conjuntivite, entre outros.

“Já os hospitais devem ser procurados para atendimento de urgências e emergências nas situações que representam risco de morte. A real função do pronto socorro e pronto atendimento de um hospital, como o próprio nome diz, é atender pacientes que estejam em estado de urgência ou emergência. São pessoas que correm risco eminente de vida, como acidentados, suspeita de infartos, derrames, apendicite, pneumonia, fraturas, entre outras complicações. Essa informação é o caminho correto para o bom atendimento, uma vez que a cada 10 pessoas que procuram o serviço, em média, seis a oito não são casos de urgência”, frisou.

A nota ressalta que a classificação é feita por enfermeiros treinados e qualificados e que as dúvidas podem ser sanadas durante o atendimento na sala de acolhimento. Caso haja complicação durante a espera, o paciente deve procurar a triagem e buscar nova reclassificação. No entanto, o cidadão que se sentir desrespeitado ou mal atendido deve oficializar a reclamação à Direção para que avalie cada caso, e assim busque melhorar o atendimento prestado.