Cotidiano

PAC atrasa recursos e provoca demissões

Estima-se que metade do pessoal contratado pela construção civil foi demitida por causa de paralisação de obras por falta de recurso.

A crise financeira que o Governo Federal vem atravessando atinge também Roraima através das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que deveria ter sido uma vitrine da administração da presidente Dilma Rousseff (PT) e que vem sofrendo com atrasos de repasse de recursos para as empresas da construção civil. 
O atraso é, em média, de 90 dias e o resultado disso é a demissão de metade dos trabalhadores do setor no Estado, que hoje chega a aproximadamente mil trabalhadores em obras do PAC, segundo informou o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Roraima (Sinduscon-RR) e diretor da empresa Renovo em Roraima, Clerlânio Holanda. 
“Na nossa empresa tivemos que demitir metade do pessoal e as outras empresas seguem o mesmo caminho”, frisou, destacando que desde setembro de 2014 o setor em Roraima e no resto do Brasil vem sentindo o atraso de repasse do Governo Federal para as prefeituras e o Estado, entes federativos que têm contratos para construção de obras. “Essas obras relacionadas ao PAC se encontram com dificuldades em todo Brasil e em Roraima. Acredito que seja reflexo do equilíbrio do superávit primário para fechar as contas de 2014. Isso acabou refletindo nos repasses para as obras do PAC”.
Holanda lamentou que a situação tenha obrigado as empresas a demitir trabalhadores e falou da fiscalização e da preocupação do setor. “Os órgãos fiscalizadores cobram os prazos de execução das obras e isso leva a uma preocupação grande no setor, já que não recebemos os repasses no tempo certo, o que compromete nos prazos. Vamos até o limite, mas chega um momento que não dá e começamos a gerar custos extras com as indenizações dos funcionários demitidos. Depois, temos que mobilizar os funcionários de volta”, frisou.      
Em Roraima, segundo informou Holanda, são de oito a dez obras de grande porte que estão sendo realizadas no Estado, porém salientou que só a Caixa Econômica poderia informar com precisão quantas estão sendo executadas no Estado e quanto estaria sendo investidos. 
Holanda disse que vem mantendo contato com a Caixa Econômica em Roraima para saber como está o andamento dos repasses em atraso e como serão os repasses futuros. “Além disso, o sindicato nacional tem discutido com ministros da República e a perspectiva do governo é que, uma vez sendo aprovado o orçamento de 2015 e a economia tenha um encaminhamento seguro, as coisas possam voltar à normalidade. Mas não existe uma data precisa, o que tem deixado o empresariado numa grande incerteza e nos deixa sem um planejamento futuro, provocando demissões”, frisou.               CONFIABILIDADE – Holanda informou que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresenta uma pesquisa mensal que é feita no Brasil, mostrando a confiabilidade e a expectativa do empresariado no País. “Essa confiabilidade tem diminuído gradativamente em função dessas incertezas, além da alta das taxas de juros e do aumento das alíquotas que vai passar de 1% para 2,5% no pacote de ajuste fiscal do governo, deixando o empresário cada vez mais com receio de investir e de contratar trabalhadores”. 
CAIXA – A Folha manteve contato telefônico e por e-mail com a assessoria de imprensa da Caixa para saber quantas obras do PAC estão sendo executadas no Estado, quanto está sendo investido nestas obras e quantas delas estavam com recursos atrasados, mas, até as 17h30 de ontem, não houve retorno. (R.R)

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