Cotidiano

Organização de professores indígenas pedirá saída de secretário estadual

Entidade alega não ter sido consultada sobre decisão governamental que nomeou professora fora da lista tríplice definida em assembleia geral

A Opirr (Organização dos Professores Indígenas de Roraima) promete pedir a saída do secretário estadual de Educação e Desporto, Nonato Mesquita, em paralisação organizada contra a nomeação da professora Irisnaide de Souza Silva como diretora do departamento estadual de educação escolar indígena. A entidade alega não ter sido consultada sobre a decisão do governador Antonio Denarium (Progressistas).

Apoiadora de Jair Bolsonaro (PL), a presidente da Sodiurr (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima) não faz parte da “lista tríplice” definida em assembleia realizada pela Opirr em junho passado.

Em reunião no último sábado, coordenadores regionais de serras, diretores, professores e diretores de diversas escolas decidiram indicar para o cargo a professora Gleide de Almeida Ribeiro, que havia ficado em terceiro lugar na lista tríplice.


Professores indígenas discutiram nomeação de Irisnaide Macuxi em reunião na sede da Opirr (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Gleide de Almeida chegou a ocupar a diretoria depois de esperar 44 dias pela nomeação, mas acabou exonerada com 27 dias no cargo, sem aviso prévio, enquanto estava de férias. A Opirr exige do governo estadual uma resposta sobre a rejeição ao nome da docente.

Ela é formada pela UFRR (Universidade Federal de Roraima) e mestre em Educação Matemática pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Gleide é professora universitária e ainda trabalha na rede estadual de ensino.

Na reunião de sábado, a Opirr montou uma comissão para dialogar com o governo. Isso porque a entidade alega que a gestão estadual se recusa a receber a coordenação da organização, a qual ainda critica Nonato Mesquita por não convidá-la para a posse de Irisnaide Macuxi.

Os professores indígenas ainda não divulgaram a data para a mobilização, que também reivindicará a segunda chamada do concurso para professores indígenas, a reabertura de escolas com EJA (Educação de Jovens e Adultos), materiais permanentes e revitalização de prédios precários.

Procurado, o governo estadual reiterou ter “todo respeito e compromisso com as lideranças e povos indígenas” e defendeu que Irisnaide Macuxi também representa as comunidades indígenas presidindo a Sodiurr.