Cotidiano

Multas crescem quase 40% na capital em 2018

Entre as infrações estão a falta do cinto de segurança, o uso do celular e consumo de álcool, apontadas entre as principais causas de morte

Leo Daubermann

Editoria de Cidades

Em todo o ano de 2017 foram aplicadas 23.944 multas por infrações de trânsito na capital, Boa Vista. De 1º de janeiro até 22 de novembro deste ano, esse número já foi superado em 9.445 infrações, sendo computadas 33.389 até o momento, ainda faltando os dados do mês de dezembro. O acréscimo foi de 39,44%, de acordo com o relatório de autuações lavradas por agentes do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RR).

Maio foi o mês com o maior número de infrações registradas até agora, com 5.971 autuações, sendo 4.691 multas aplicadas para condutores de carros e 548, para motos, seguido pelo mês de junho, com 4.769 registros, sendo 3.892 para carros e 877 para motos. Em 2017, dezembro foi o mês com o maior número de multas aplicadas por infrações de trânsito, com 2.934 registros, sendo 2.442 infrações cometidas por condutores de carros e 492 por condutores de motos.

Das infrações mais flagradas este ano, três delas são apontadas como as principais causas de morte nas vias públicas no mundo, segundo pesquisas de segurança: conduzir veículo ou transportar passageiro sem o cinto de segurança, com 22.504 autuações; conduzir falando ou manuseando aparelho celular, com 3.590 registros; e dirigir sob a influência de álcool, com 352 autuações. Conduzir veículo registrado que não esteja devidamente licenciado e dirigir sem possuir CNH (Carteira Nacional de Habilitação), também estão entre as principais infrações, com 1.445 e 1266 autuações, respectivamente.

De acordo com o chefe de fiscalização do Detran-RR, Vilmar Florêncio, os acidentes de trânsito estão diretamente ligados ao cometimento de infrações. “A gente verifica que a infração que mais se destaca no ano de 2018 é a falta da utilização do cinto de segurança por parte dos condutores. Muita gente têm o pensamento que, ao não utilizar o cinto de segurança não vai causar nenhum dano a terceiros, somente a si próprio, vai colocar em risco somente a sua vida e a de mais ninguém,mas isso é um grande equívoco”, explica.

Outra infração que aparece em destaque é a utilização de telefone celular ao conduzir um veículo. Segundo o chefe de fiscalização, essa é uma infração muito perigosa, causa distrações e é responsável por um grande número de acidentes de trânsito. “É fato que muitas vezes os acidentes que são causados por uma distração no telefone celular, são acidentes de menor potencial, mas, não raramente também ocorrem acidentes graves que acabam acarretando em pessoas feridas, com sequelas, ou até óbitos, tudo pela distração dos condutores”.

Leis contra embriaguez ao volante ficaram mais rígidas

O chefe de fiscalização do Detran-RR, Vilmar Florêncio orientou os motoristas (Foto: Diane Sampaio/Folha BV)

O chefe de fiscalização do Detran-RR, Vilmar Florêncio explicou que o excesso de velocidade, combinada ao álcool e direção, também tem sido a causa de muitos acidentes, e lembrou que a legislação tem sido rigorosa nesses casos. “Para se ter uma ideia, o simples fato da pessoa se recusar a realizar o teste de alcoolemia no aparelho etilômetro [bafômetro], já imputa a ela a mesma punição da pessoa que é flagrada dirigindo embriagada, podendo ser autuada por uma multa de R$ 2.964,70, suspensão do direito de dirigir por um ano e a retenção do veículo até a apresentação de um condutor habilitado”, salienta.

E a mesma legislação, segundo Florêncio, também é dura com quem se envolve em acidente de trânsito e gera, ou lesão corporal ou até mesmo o óbito. “Antes a pessoa era apenas detida, agora efetivamente ela pode ser presa por esses crimes”, orienta.

De acordo com dados do Detran-RR, fazendo um comparativo com autuações de embriaguez (artigos 165, 165A e 306 do Código de Trânsito Brasileiro-CTB) deste ano com o ano passado, foi constatado um aumento de 21%. Foram 290 autuações em 2017 e 352 em 2018. “Houve um aumento considerável, fruto da intensificação das ações de alcoolemia e durante todo o ano de 2018 que a gente realizou. A questão da condução de veículo sob a influência de álcool tem sido constante, principalmente aos finais de semana e feriadões prolongados”, disse.

Segundo o chefe de fiscalização, dirigir veículo sem possuir CNH também é muito frequente, principalmente entre os motociclistas e essa infração acaba influenciando no alto índice de acidentes de trânsito e mortes na capital e no interior do estado. “Nesses casos os condutores não conhecem as leis de trânsito, podem até ter um controle prático de direção, um domínio do veículo, mas é necessário muito mais que isso, é preciso conhecer a legislação e respeitá-la para que a gente possa ter um trânsito melhor e mais seguro”, ressalta.

CONSCIENTIZAÇÃO – Para Florêncio é necessário que haja uma maior conscientização e a participação efetiva da população. “O trânsito é formado por todos nós, nós somos responsáveis por ele, então cada um dirigir seu veículo a com mais prudência, respeitando a legislação”, diz.

“O órgão não tem o objetivo de lavrar multas para arrecadar, o nosso objetivo é fazer o trabalho de fiscalização que é inerente ao Órgão de Trânsito Estadual. Então nós temos assumido a exigência, o papel que o Código de Trânsito nos coloca, e nós temos intensificado cada vez mais as nossas ações, haja vista que nós entendemos que os acidentes estão ligados ao cometimento de infrações”, enfatiza Florêncio.

De acordo com o chefe de fiscalização, a presença dos agentes nas ruas é para coibir a ação de maus condutores. “Se o cidadão cumpre com o papel de bom motorista, e outras pessoas que estão no trânsito não cumprem e não são fiscalizadas, as pessoas que cumprem vão acabar sendo penalizadas pelas demais que não cumprem, ou seja, elas podem ser vítimas de acidente de trânsito oriundos das imprudências cometidas por esses maus condutores”, explica.

“Mas, vale lembrar, só leva multa quem estiver desrespeitando a lei. Quem respeita, não é multado. Acreditamos sim que a fiscalização, que a educação para o trânsito é o caminho para que a gente possa reduzir esse número de acidentes e de óbitos, mas nós também temos que contar com a participação da população, é a população que vai fazer com que esses números reduzam”, completa Florêncio.