O movimento Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) se reuniu, durante Audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), na terça-feira, com representantes de órgãos e entidades ligados à defesa dos direitos humanos, para discutir políticas públicas que visem o combate à criminalidade praticada contra a população GLBT e a implementação de direitos para esta classe.
Dados estatísticos do Grupo Gay da Bahia (GGB) que revelam elevados números de crimes homofóbicos, cometidos no ano passado, foram apresentados pelo diretor Executivo da Associação Roraimense pela Diversidade Sexual, Sebastião Diniz. De acordo com as estatísticas, 316 pessoas LGBT foram assassinadas em 2015, o que equivale a um crime a cada 28 horas. Destes, 50% eram gays, 37% travestis e 16% lésbicas e demais números são vítimas bissexuais.
Segundo ele, os dados apontam que o Nordeste lidera o ranking de crimes homofóbicos com 106 assassinatos, seguindo do Sudeste, com 99 ocorrências. A região Norte ocupa a terceira colocação, com 50 crimes contra a vida, Centro-Oeste com 40 homicídios e 21 casos no Sul do País. “De acordo com a população regional, o Norte apresenta mais números de crimes homofóbicos, com 2,9 casos para cada um milhão de habitantes”, informou Diniz.
Roraima entrou em 2014 para o rol de estados mais violentos para a população LGBT, quando foi divulgado em nível nacional seis crimes homofóbicos praticados na rua e no ambiente familiar. Em 2015, foram 8 assassinatos, de acordo com dados do GGB, número considerado elevado proporcionalmente à população. “É importante promover esse debate para que políticas públicas sejam implementadas de fato e de direito, e assim evitar que não haja esses dados estatísticos no final do ano”, comentou.
Ainda com base nos dados apresentados, as transexuais e travestis são as mais vulneráveis aos crimes, com 14 vezes mais chances de serem assassinadas se comparado aos gays, sendo 119 assassinadas em 2015. “Mais da metade dos homicídios cometidos contra transexuais no mundo ocorre no Brasil”, informou Diniz.
“O crime de homofobia mata pessoas que, inclusive, não são LGBT. A pessoa hétero, que possuir um estilo de vida diferenciado dos demais, também sofre com esse tipo de preconceito, confundida como gay. Pessoas também são mortas simplesmente por amar e se relacionar com travestis”, disse Diniz.
No Sudeste do País, São Paulo é o Estado com maior número de crimes homofóbicos, totalizando 55 assassinatos no ano passado. No Nordeste, a Bahia ocupa a primeira colocação com 33 homicídios. No Brasil, os dados revelam que Mato Grosso do Sul é o Estado mais homofóbico, com 6,49 assassinatos para um milhão de pessoas.
Em segundo lugar está o Amazonas. “Manaus teve 23 assassinatos em 2015, sendo 11,13 mortes para cada um milhão de habitantes. O índice de assassinatos contra a população LGBT no Brasil é de 1,57 para cada um milhão de habitantes”, disse o ativista, ao frisar que as mortes homofóbicas violentas acontecem tanto em grandes centros como em cidades pequenas de interior das regiões do Brasil.
Estiveram presentes na Audiência o presidente da Associação Roraimense pela Diversidade Sexual (Grupo Diversidade), Roberto Rodrigues Moraes, representante da Universidade Federal de Roraima (UFRR), professor Marco Antônio Braga Freitas, diretor Executivo da Associação Roraimense pela Diversidade Sexual, Sebastião Diniz, procuradora Geral de Justiça do Ministério Público Estadual (MPE), Elba Christine Amarante, deputado Naldo da Loteria, deputado Zé Galeto, entre outros. (A.D).