Cotidiano

Moradores do Alvorada são alvos de ladrões e pedem mais policiamento

Albergados são apontados como responsáveis por aumento de furtos a residências em plena luz do dia

Moradores do bairro Alvorada, localizado na zona Oeste de Boa Vista, cobram maior policiamento na região. Eles afirmam que o lugar está passando por uma onda de furtos e assaltos, provavelmente causada pela proximidade da Casa do Albergado, onde infratores cumprem penas em regime semiaberto.

A autônoma Jéssica Joana Pereira Lima relatou que foi vítima de furto no domingo passado. A casa onde mora está localizada a duas quadras de onde mora a mãe dela. “Enquanto eu estava aqui, fazendo o almoço para minha mãe, alguém invadiu minha casa. Foi um vizinho quem me avisou. Ele disse que um homem, de estatura baixa, tinha forçado minha porta com um pé de cabra”, disse ao acrescentar que o ladrão levou R$ 2.500,00 em dinheiro, mercadorias e eletrônicos.

Conforme a autônoma, seus familiares acionaram o Ronda no Bairro, da Polícia Militar, depois de cerca de 20 minutos do ocorrido. “Chegaram depois de quase duas horas e me disseram para fazer o B.O. [Boletim de Ocorrência] no 4º DP [Distrito Policial], no bairro Santa Teresa. Eles explicaram que não poderiam fazer muita coisa, pois o suspeito já deveria estar muito longe”, complementou.

Jéssica afirmou que, após o episódio, com informações de alguns vizinhos e policiais, ela e a família descobriram que a pessoa responsável pelo furto é um albergado que está alojado atualmente na Casa do Albergado, no mesmo bairro.

O suspeito e outros desconhecidos estariam monitorando, todos os dias, as casas na Rua Travessa dos Macuxi. “Eles ficam rondando para saber a rotina dos vizinhos. Não é só comigo. O curioso é que eles fazem tudo isso durante o dia, o que evidencia ainda mais que é gente que está ‘hospedada’ no albergue, pois eles precisam voltar para lá à noite”, afirmou a empresária.

O irmão de Jéssica, Roque Pereira Neto, confirmou a denúncia. “A gente vê uma movimentação estranha de gente que não é daqui. E não é somente uma ou duas pessoas. Desconfiamos que sejam mais”, disse, acrescentando que os infratores possivelmente estejam aliados a usuários de drogas, que ficam a apenas algumas ruas abaixo de onde ele mora com a família.

Essa é a mesma suspeita da dona de casa Giovanna Ramos. No sábado passado, um homem com as mesmas descrições repassadas por Jéssica tentou invadir sua residência enquanto não havia ninguém no lugar. “Só não conseguiu entrar porque pusemos um cadeado pela parte interna da porta”, relatou apontando o miolo violado da fechadura da porta traseira da casa.

Segundo a dona de casa, esta foi a primeira vez que alguém tentou roubar em sua residência, mas ela acredita que ultimamente a região tem recebido “visitas suspeitas”. “Além do albergue, lá embaixo tem uma boca de fumo. Acho que, para sustentar o vício, eles ficam tentando roubar todo mundo da rua”, disse.

Ela afirmou que as suspeitas das “presenças indesejáveis” se confirmaram após observar que estas pessoas fingem utilizar um orelhão que não funciona, na esquina de sua casa. “O telefone nem serve. Eles ficam fingindo que estão usando só observando nossa rotina. Nem com os cachorros temos segurança, pois eles ficam acostumando o bicho com a presença deles todos os dias”, declarou.

A empregada doméstica Gracilene Monteiro explicou que sua casa também foi invadida e alguns objetos de baixo valor foram levados. Seu marido havia chegado em casa, pela manhã, em um horário próximo ao meio-dia, e encontrou a porta da casa arrombada. “Levaram umas bijuterias e uma máquina fotográfica. De qualquer jeito, a gente fica assustada. Se entrou ontem, quem não garante que volta depois”, disse.

Todos os moradores entrevistados afirmaram que o Ronda no Bairro não está passando com a mesma frequência de antes. “Antigamente, eles passavam sempre, davam uma olhada no movimento durante todo o dia. Se viam um movimento estranho, verificavam. Não sei o que aconteceu, mas agora pararam, diminuíram”, lamentou Giovanna.

Jéssica pede a presença da polícia na região de forma ostensiva. “Estamos à mercê. Acredito que a polícia poderia pelo menos ter mais agilidade quando nós acionamos. É preciso mostrar para estes bandidos que nós temos apoio e não estamos isolados aqui”, disse.

GOVERNO – O Governo do Estado informou que a Polícia Militar realiza o policiamento ostensivo com “reforço estratégico nos locais onde há maior registro de ocorrências”. “Por isso, é importante que a população registre Boletim de Ocorrência ou acione a polícia pelo 190, o número de emergência da Polícia Militar de Roraima, sempre que houver necessidade”, diz a nota.

Afirmou ainda que, ao tomar conhecimento do ocorrido no Alvorada, o Comando de Policiamento da Capital (CPC) irá reforçar o policiamento no bairro para minimizar a criminalidade na região. “O Governo de Roraima intensificou as ações de policiamento ostensivo ao retirar as cotas de combustíveis para as viaturas, que agora circulam com tanque cheio. Antes disso, era mantida uma cota de 40 litros de combustível por dia para cada viatura, o que comprometia os serviços de segurança prestados pela Polícia Militar”, ressaltou o governo.

A nota destaca que o policiamento ostensivo é reforçado pela atuação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Grupamento Independente Intervenção Rápida Ostensiva (Giro), Companhia Independente de Policiamento Turístico (Ciptur), Cavalaria e demais modalidades de policiamento da instituição. “Desta forma, todos os setores são atendidos diuturnamente pelas guarnições da Polícia Militar, para garantir a segurança da população”. (JPP)