Cotidiano

Medidas são adotadas para conter ferrugem asiática em Roraima

O Estado já cultiva há alguns anos a soja, mas em larga escala tem pouco tempo

Com a identificação de um foco da ferrugem asiática no plantio de soja em Roraima, o Estado está adotando medidas essenciais para o controle da praga. A ação foi desencadeada pela Aderr (Agência de Defesa Agropecuária de Roraima), com colaboração da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Conforme destacou o presidente da Aderr, Kelton Lopes, ações como, cadastro de áreas produtoras, definição de período de cultivo, respeito ao vazio sanitário, uso de tecnologia de aplicação de defensivos para combate ao fungo e cadastro dos sojicultores na Agência, são importantes para eliminar o fungo em Roraima.

“Algumas iniciativas são imprescindíveis para eliminar a presença do fungo nas lavouras de soja. Precisamos da colaboração dos produtores em obedecer às orientações técnicas dos especialistas no assunto para enfrentarmos o problema, bem como os normativos previstos no Plano Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja”, disse Kelton.

Esse é o primeiro caso no Estado da ocorrência do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença. Roraima já cultiva há alguns anos a soja, mas em larga escala tem pouco tempo. Outros Estados já vêm plantando e aumentando a produção ano após ano, isso fez com que eles desenvolvessem técnicas capazes de combater com eficiência a ferrugem asiática.

“Com esses instrumentos de controle e combate desenvolvidos e aprimorados em outros Estados, que inclusive conseguiram aumentar sua produtividade, Roraima irá aproveitar todo esse arsenal tecnológico e tomar medidas assertivas, ajudando os técnicos e produtores a livrarem a soja do fungo da ferrugem”, enfatizou o governador Antonio Denarium.

A IDENTIFICAÇÃO DA FERRUGEM

A identificação da doença ocorreu durante trabalho de rotina de inspeção de plantios, quando foi realizada coleta de folhas de soja, com sintomas pelos técnicos da Aderr.

O gerente de Defesa Vegetal, Marcos Prill, informou que a confirmação oficial veio após análise em laboratório oficial credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, confirmando a presença do patógeno no material amostrado. Os procedimentos de coleta e de acondicionamento e envio das amostras foram acompanhados pelo Dr. Daniel Schurt, da Embrapa-RR, em atendimento ao termo de cooperação técnica entre as instituições.

Prill ressaltou que já há registro de produtos específicos para controle do Phakopsora pachyrhizi, com lista de fungicidas disponível no site da Aderr.

CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA

O fungo causador da ferrugem, Phakopsora pachyrhizii é um parasita obrigatório. Para se desenvolver e multiplicar ele precisa de um hospedeiro vivo a fim de concluir seu ciclo de vida. O patógeno é favorecido por temperaturas que variam de 18°C a 26,5°C e um período de molhamento foliar de 8 a 12 horas. Nestas condições, o ciclo da doença é bastante rápido, de 6 a 10 dias entre a deposição do primeiro esporo e o aparecimento dos primeiros sintomas, causando, portanto, perdas consideráveis, dependendo da severidade da doença.

A ferrugem ática é tida pelos especialistas como a principal doença da soja. Há relatos em estudos que a Phakopsora pachyrhizi, nome científico da ferrugem da soja, segundo a Embrapa, pode causar perdas de 10% a 90%. A doença chegou ao Brasil em 2001, e desde então, causou prejuízo de mais de US$ 25 bilhões.