Cotidiano

Mais servidores da Escola Municipal Jael Barradas denunciam diretora

Os servidores disseram que se encorajaram após a Folha publicar os primeiros casos de denúncia contra a gestão da escola, motivo pelo qual uniram-se para fazer novos relatos de ameaças, opressões e constrangimentos que sofrem no ambiente de trabalho.

Após a publicação da Folha sobre denúncia de casos de assédio moral no âmbito da Escola Municipal Jael da Silva Barradas, no bairro Cauamé, protagonizados, conforme os denunciantes, pela diretora da Unidade de Ensino, outros servidores que atuam na instituição procuraram o Jornal para fazer novas denúncias, afirmando que estavam encorajados e que precisavam acabar com o que chamam de “sofrimento”.

Os servidores chegaram nervosos e a todo instante alertando sobre a possibilidade de sofrerem retaliações, caso suas identidades fossem reveladas, motivo pelo qual pediram que a denúncia fosse anônima.

“Por várias vezes sofri e testemunhei os assédios. Um dos exemplos é de um servidor que trabalha na escola, cadeirante, não tem pernas e só tem um braço e todo semestre tem avaliação de desempenho, quando a gente atribui uma nota ao próprio rendimento nos últimos seis meses e ela pediu que ele [servidor cadeirante] diminuísse a própria nota porque não merecia um 10 e que ela mesma diminuiria a nota dele. O servidor dá uma nota e a gestão avalia, atribuindo outra nota, no entanto, ele é um excelente funcionário, ótimo ser humano, muito esforçado, assíduo, respeita as pessoas, muito prestativo, carismático e não merecia passar por aquilo. Ela acabou aceitando a nota dele depois de perceber que aquela situação a deixaria em maus lençóis”, contou.

Conforme os denunciantes, a gestora não segue as diretrizes de inclusão estabelecidas pela Prefeitura de Boa Vista e pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec). “Quando tem aluno especial para ser matriculado, ela recusa, não gosta, reclama, além de ter deixado explícito que a conduta para com o servidor cadeirante demonstra a falta de entendimento que ela tem sobre inclusão, acesso e permanência desse público no ambiente escolar”, ressaltou um dos servidores.

O ambiente de trabalho, de acordo com a denúncia, é tóxico. “Quando ela chega oprimindo, autoritária, gritando e menosprezando o trabalho da gente, num comportamento de assediador, a gente se sente desrespeitado. Nas reuniões com toda a equipe, ela coage e constrange todo mundo, citando nomes, fazendo cobranças tolas, sem fundamento, expondo as pessoas ao ridículo e a situações vexatórias”, detalhou.  

As informações compartilhadas com a reportagem dão conta de que ao menos quatro servidores estão afastados, em acompanhamento psicológico e psiquiátrico, sem qualquer estabilidade emocional, devido à conduta de assédio empregada pela diretora. “Essa pressão psicológica e os maus-tratos, humilhações, minam nossas energias, nossa confiança, nossa autoestima, nossa coragem. Quando ela chega à escola, todo mundo treme, se desestabiliza porque ela é má, ela é o mal”, enfatizou.

Por fim, os servidores pontuaram que a gestora faz ameaças constantes de transferências, remoções, envio de memorando para a Smec, no intuito de devolver funcionários, declarando que fará registro de advertências para justificar demissões de comissionados e Processos Administrativos Disciplinares (PAD’s) contra os estatutários. “Quem trabalha naquela escola geralmente é quem mora perto e se sente amedrontado diante da ameaça de ser transferido, exonerado, demitido. São sentimentos muito ruins. Eu não desejo isso para ninguém. A denúncia que fizeram e vocês publicaram era tudo o que a gente precisava para poder falar também. Foi como se alguém ouvisse nosso grito de socorro. Todo mundo tem que denunciar na Ouvidoria. Não desejamos mal a ela, mas ela não tem preparo para lidar com pessoas. Até as crianças têm medo dela”, concluíram os denunciantes.

A reportagem da Folha procurou a diretora da instituição escolar para que se manifestasse diante dos pontos elencados na denúncia dos servidores, mas ela informou que não gostaria de se pronunciar e que não tinha autorização da Smec para dar qualquer resposta.

A Smec, por sua vez, respondeu à Folha por meio de nota, reforçando que o caso citado está sendo analisado pela Ouvidoria da Secretaria Municipal de Educação e todos os procedimentos legais necessários estão sendo adotados a fim de esclarecer os ocorridos. “Inclusive uma equipe técnica da secretaria esteve na unidade de ensino acompanhando todo o dia letivo de hoje [sexta-feira, 24], além disso a Ouvidoria da SMEC recebeu um grupo de servidores e pais de alunos para ouvir os relatos e dar seguimento no processo de apuração”, disse a nota.