O Movimento Indígena de Roraima (CIR) iniciou na última segunda-feira (5) o V Acampamento Terra Livre (ATL) de Roraima na Praça Ovelário Tames Macuxi, no Centro Cívico de Boa Vista. Durante a mobilização, cocares grandes e pequenos se destacam na multidão de mais de 8 mil indígenas. A juventude está cada vez mais presente nas caminhadas, nos protestos e cantos e um dos motivos para isso seria o fortalecimento de suas lideranças nas redes sociais.
Os jovens Kàllisson Wapichana, Shipa Taurepang, Julha Wapichana, Tahary Tenete e entre outros criam conteúdos para as redes sociais, fazendo vídeos informativos com linguagem acessível e incentivando os jovens a lutarem pelos seus direitos, conscientizando também os não indígenas a aprenderem sobre a cultura dos povos originários.
O CIR tem um Departamento da Juventude indígena criado e aprovado na 53ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima em Março de 2024. Mas desde 2011, quando ocorreu o primeiro Encontro Estadual da Juventude Indígena de Roraima na casa de cura (Boa Vista), os jovens já eram incluídos nos movimentos de reivindicação reunindo líderes jovens atuando dentro do coletivo indígena.
A liderança jovem Julha Wapichana, da terra indígena e comunidade Araçá em Amajari explicou que desde de pequena aprendeu a defender o seu território ela enfatizou que as crianças de sua comunidade são ensinadas da mesma forma. “Nós, enquanto crianças da comunidade, já nascemos tendo que defender o nosso território ameaçado, as nossas vidas são ameaçadas a serem extintas. E é por isso que lutamos hoje enquanto juventude, para que a luta das nossas lideranças lá atrás não acabe”, declarou Julha Wapichana.
O principal objetivo da mobilização é denunciar a vigência da Lei nº 14.701/2023, conhecida como Lei do Marco Temporal, que regula a demarcação de terras indígenas no Brasil, estabelecendo critérios para o reconhecimento e uso dessas terras. A juventude indígena já fez posts, vídeos e fotos, explicando e divulgando as informações acerca das reivindicações que o movimento está fazendo no ATL, sobre isso Julha Wapichana explica. “Fazemos isso para que o ministro, os senadores e políticos vejam de fato que nós estamos lutando, que nós não vamos desistir por uma PEC, por uma lei, por um projeto de lei. Somos um povo forte e se for pra lutarmos, fecharmos uma BR, gravar vídeos e produzir conteúdos nós conseguiremos. Tem gente que não gosta dos vídeos, mas a gente faz, e não temos medo porque é para defender o nosso território”, explicou Julha.
Sobre os vídeos produzidos para as plataformas digitais como o Instagram, Julha esclareceu. “Usamos como uma arma para mostrar de fato o que acontece dentro do território, uma arma que mostra como estamos vivendo e como lutamos pelos nossos direitos. Não só aqui presencialmente, mas online”, declarou a liderança.
Para o futuro dessas mobilizações a líder jovem pede união e coragem, tanto para os povos originários quanto para os apoiadores da luta indígena. “Eu creio que é necessário estar somando força aqui aos jovens que ainda estão no território, temos alguns impasses, mas estamos aqui. E aos jovens não indígenas, eles podem estar divulgando, mostrando, conversando para que isso alcance mais pessoas e chegue lá no Supremo Tribunal Federal”, finalizou a jovem.