Cotidiano

Jornalismo de Integração, além das fronteiras...

Realização: Câmaras de Comércio e Indústria Brasil Guiana e Brasil Venezuela; Semana de 11 a 18 de novembro de 2021. 2ª edição

A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), iniciada dia  1º e concluindo em 12 de novembro em Glasgow, na Escócia  traz esperança  de que até em 2050 as emissões de carbono se neutralizem, o que em tese, manteria estável a temperatura mundial segundo os cientistas que defendem a relação entre emissões de carbono e aquecimento global. Os principais temas debatidos na COP26 foram o mercado de carbono, os procedimentos financeiros para alcançar a redução das emissões que causam o efeito estufa e o aquecimento da temperatura global.

A 26ª edição da Cop 26 foi considerada pelos delegados representantes da sociedade civil como a mais exclusiva já realizada pela proibição desses delegados de adentrarem ás salas de debates e negociações pelos líderes e diplomatas. Mais de 20 lideranças indígenas brasileiras participaram da agenda paralela da Convenção, que incluiu protestos de ruas e manifestos escritos acusando os líderes mundiais de serem demagogos e pouco resolutivos. Já na abertura Txai Surui, jovem  indígena de Rondônia criticou a política ambiental brasileira, o que provocou uma declaração de repudio do Presidente Bolsonaro. O Presidente questionou qual o cidadão de outro país que usa um palanque em uma conferência internacional para denegrir a imagem de seu próprio país.

Entre as delegadas indígenas brasileiras se destaca a participação da presidente da  União das Mulheres Indígenas da Amazônia (UMIAB), a roraimense, do Amajari, Telma Taurepang. Ela participou ativamente das manifestações externas contra a pouca resolutividade da convenção realizada na Escócia. 

A Comitiva oficial do Brasil foi composta pelos Ministros das Relações Exteriores, Ministro do Meio Ambiente, Ministro do Turismo e técnicos dos ministérios. Um  stand da Confederação Nacional da Indústria (CNA) ao lado do Stand oficial  do Brasil mostrou ao mundo por vídeos institucionais como a indústria brasileira atuando para promover o desenvolvimento sustentável. Um dos exemplos é a iniciativa do Grupo JBS, exportador de carne bovina, que só abate gado rastreado e instituiu o Fundo JBS pela Amazônia com um aporte inicial de 250 milhões de reais para financiar projetos sócio ambientais na Amazônia brasileira.

Mas uma Cop que termina sem uma definição concreta sobre a utilização do Carvão como combustível, já que nem China nem EUA apresentaram um cronograma de substituição dessa fonte fóssil por energias limpas. Frustrações para os analistas mais cépticos foram a ausência de debates sobre alternativas tecnológicas sustentáveis para a produção de alimentos em grande escala, grãos para prover a crescente demanda mundial de proteína vegetal e segurança alimentar em regiões mais  pobres  como o Norte e Nordeste brasileiros. 

Pouco se falou também das compensações econômicas às populações amazonidas (30 milhões) pela preservação da Floresta Amazônica.

Agronegócio brasileiro no Mundo

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) inaugurou seu primeiro escritório de representação internacional na Ásia Pacífico, em Singapura com o objetivo de promover o agronegócio brasileiro e abrir novos mercados.

Operação Acolhida

O Chefe Global das Operações do ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), Raouf Mazou, concedeu entrevista coletiva à imprensa na últma 6ª feira (05/11), no abrigo Rondon 4. Raouf Mazou, em visita ao Brasil manteve reuniões sobre a imigração no país em Brasília onde se encontrou com autoridades do governo federal e integrantes do Comitê Federal de Assistência Emergencial que coordena a resposta humanitária a refugiados e migrantes da Venezuela no país, inclusive a Operação Acolhida.

Em Roraima  Raouf Mazou visitou as instalações da Operação Acolhida em Boa Vista e Pacaraima e se reuniu com autoridades locais e com o comando da Força-Tarefa Logística Humanitária (FTLogHum) da Operação Acolhida. Também escutou refugiados e migrantes da Venezuela, além das equipes das organizações da sociedade civil e das agências das Nações Unidas que atuam na resposta humanitária.

O objetivo de sua visita ao Brasil foi conhecer de perto a resposta humanitária do país à refugiados e migrantes da Venezuela, fortalecendo a estratégia de interiorização e enfatizando a necessidade de manter o acesso dessas pessoas ao território nacional e aos procedimentos de solicitação da condição de refugiado. O governo brasileiro por  exemplo já reconheceu mais de 62 mil venezuelanos como refugiados – a maior população de pessoas refugiadas desta nacionalidade em todo o mundo.

Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

Na Coletiva de imprensa no Abrigo Rondon 4 no bairro 13 de setembro, arguido por esse colunista sobre o aumento da pobreza na Venezuela (mais de 95%abaixo da linha de extrema miséria) e falta de perspectiva para o fim da crise migratória,  Mazou respondeu que a melhor solução para os imigrantes venezuelanos é o retorno destes ao seu país de origem. Mas questionado sobre o porquê da ACNUR não investir em acampamentos e abrigos dentro da Venezuela, ele respondeu que a Agencia mantém 13 escritórios de apoio na Venezuela, mas sobre ações concretas em terras venezuelanas e sobre alternativas ao processo de interiorização, não respondeu especificamente. Explicações que não solucionam o colapso dos serviços públicos, o aumento da criminalidade e do desemprego no Estado de Roraima nos últimos anos.

Venezuela

Foi postergado  para o início de dezembro o  Simpósio Empresarial “Guiana es” em Puerto Ordaz na Venezuela, que estava programado para os  dias 11 e 12 de novembro.  Uma iniciativa do vice Ministério de Planificación y Direccíon Conjunta para o Desarolho de Defensa Integral de Guiana, o encontro binacional, inédito nesse atual governo de orientação socialista, espera reunir empresários e autoridades daquele país e do Brasil no sentido de promover políticas estratégias de recuperação econômlica. A Câmara de Comércio e Industria Brasil Venezuela que encabeça a comitiva de empresários brasileiros interessados nessa retomada dos negócios binacionais, por intermédio de seu presidente, empresário Eduardo Oistraichner, justificou o adiamento explicando que as Forças Armadas daquele país concentrarão os esforços para que as eleições do dia 30 de novembro ocorram em plena normalidade. Um dos temas será a retomada segura do turismo brasileiro na Venezuela. Esse articulista foi convidado e irá cobrir o evento binacional, primeiro do gênero depois de vários anos de isolamento.                                                                          

Estados Unidos

Quem está com saudade do “sonho americano” já pode começar a arrumar as malas: desde 8 de novembro o governo americano já está autorizando a entrada de turistas brasileiros em solo norte-americano, desde que obedecendo á condições sanitárias quanto á transmissão e controle da Covid 19: Adultos a partir de 18 anos devem apresentar certificado de vacinação com duas doses (exceto da  Jansen que é dose única) aplicadas com um período de no mínimo 15 dias aplicação. Também devem apresentar este de antígeno (swab rápido ou PCR) com prazo não maior de
 72 h de coleta. Crianças e adolescentes com menos de 18 anos não precisam de apresentar comprovação de vacina, mas tem que apresentar o mesmo teste de antígeno negativo com a coleta de amostra nasal com menos de 72h de execução. 

Quem está com saudade dos brasileiros nos EUA são os comerciantes norte- americanos. O Brasil nos últimos anos é um dos três países de origem de turistas que mais consomem nos EUA, cerca de 6 mil dólares por turista (35 mil reais), média de 2 bilhões de dólares ano. A Florida e Nova Iorque são os destinos prediletos dos turistas brasileiros. Quem sabe agora com o dólar a quase 6 reais e abertura das lojas de free shopping em Bonfim ajudem a segurar um pouco do enfraquecido dinheirinho brasileiro no comércio e turismo tupiniquim.

Na América, o O Brazilian Business Group (BBG) comemora esse mês de novembro seu 15º aniversário. O BBG  é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2006 com o objetivo de unir e fortalecer as comunidades brasileira e não brasileira empresariais, especialmente nos condados de Dade, Broward e Palm Beach, onde líderes de diferentes backgrounds trabalham para expandir seus negócios e criar novas oportunidades de receita. O grupo também está representado no Brasil e no Japão, pólos onde iniciativas positivas vêm sendo implementadas. Um almoço dia 06 de novembro na Churrascaria Chima em Fort Lauderdale foi animado pelo grupo de samba Brazilian Beat. Mais informações sobre o BBG e como participar só acessar o site da  organização: https://brazilianbusinessgroup.com/.

Um dos objetivos da associação é a união de empresários brasileiros e seus familiares, dentro e fora dos Estados Unidos, por meio de uma organização representativa, atuante e competitiva que visa o desenvolvimento econômico de suas comunidades nacionais, bem como sua integração em suas sociedades anfitriãs, sempre de forma ordenada, respeitosa e eficiente sob a visão de incentivar a formação de futuros profissionais multiculturais, investindo seus esforços em programas educacionais para oferecer oportunidades para os brasileiros se integrarem melhor no sul da Flórida. Ao mesmo tempo, será uma fonte de trabalhadores especializados com conhecimentos adquiridos em vivência e atuação nos Estados Unidos, o que contribuirá para a formação de um polo empresarial brasileiro na região.

Folha Internacional

Nessa quinta-feira 11 de novembro a indigenista Telma Taurepang participou do quadro Folha Internacional na Rádio Folha abordando os temas dos encontros mundiais da COP 26. Na próxima quinta 18 uma aluna do curso de Relações Internacionais da UFRR fará uma síntese sobre a situação atual da vizinha Guiana. Também o prefeito de Normandia Welston Raposo falará das relações do município brasileiro com os vizinhos regionais da além fronteira com a Guiana.

                           Jornalista e colunista de Internacional do Grupo Folha de Boa Vista
                           bacharel em Direito
                           médico infectologista
                           mestre em Relações Exteriores e Diplomacia – Instituto de Altos Estudos Diplomáticos da Venezuela Pedro Gual