No Estado de Roraima, 94.281 pessoas possuem algum tipo de deficiência, seja auditiva, visual, física ou intelectual, conforme dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Visando inserir essa população no mercado de trabalho, no dia 24 de julho de 1991 era criada a Lei de Cotas de nº 8.213, referente aos Planos de Benefício da Previdência Social.
Contudo, para o presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Roraima (Adefirr), Jean Martins, além de garantir a inserção desse público ao mercado, é de suma importância a qualificação deste servidor. Para tanto, o presidente destacou que os Governos Federal, Estadual e Municipal precisam propiciar cursos profissionalizantes destinados às pessoas com deficiência.
Conforme a legislação, se a empresa tem entre 100 e 200 empregados, 2% das vagas devem ser garantidas a beneficiários reabilitados e a pessoas com deficiência. A porcentagem varia de acordo com o número de contratados, chegando a um máximo de 5% caso haja mais de 1.001 funcionários.
“É uma lei pensada para tentar incluir as pessoas dentro do mercado de trabalho, mas que não se atentou à qualificação dessas pessoas ao mercado. Não adianta eu contratar alguém que não supre minha necessidade. Não adianta dizer que há incentivos se a pessoa com deficiência não se vê inserida”, disse.
Conforme Jean Martins, a pessoa deficiente tem um gasto muito maior que uma pessoa dita normal para deslocar-se, não sendo apenas uma questão de oportunidade. O Governo Federal criou o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que proporciona o equivalente a um salário mínimo à pessoa com deficiência, desde que não tenha uma evolução social. Para Martins, a medida fez com que, mais ainda, essas pessoas não quisessem sair de casa.
LEI DE INCLUSÃO – Diante do posicionamento adverso sobre o Benefício de Prestação Continuada, o presidente da Adefirr, Jean Martins, falou sobre a Lei Brasileira de Inclusão, regulamentação que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência Física que foi aprovado em março deste ano pela Câmara dos Deputados e que dispõe de um auxílio inclusão. Ou seja, a pessoa deficiente que recebe o BPC e que é incluída no mercado de trabalho passa a receber um percentual desse benefício.
“É uma ajuda de custo, porque se eu recebo um salário mínimo e vou trabalhar para receber um salário mínimo, seria melhor ficar em casa para não ter mais gastos. Com a nova roupagem, os PNEs podem buscar a empregabilidade. Aí, sim, a lei de cotas realmente vai ter sua função para inserir essas pessoas”, ressaltou. (A.G.G)
“Empresas precisam ter um olhar diferente”, diz Jean Martins
As pessoas com deficiência estão cada vez mais buscando qualificação. Ainda assim, segundo Jean Martins, esse percentual ainda é muito pequeno. O presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Roraima (Adefirr), Jean Martins, sugere um olhar diferente por parte das empresas e ressalta que é preciso dar instrução e qualificação. “Quando ela chega no segundo grau, ela pensa que já chegou ao limite dela, a universidade é um passo muito distante a ser dado, é preciso mudar isso”, disse.
No caso de a pessoa optar por não fazer faculdade, Martins sugere a opção de fazer um curso profissionalizante para poder ser inserida no mercado de trabalho. Para ele, a Lei de Cotas não é devidamente empregada no Estado por falha em lacunas. As empresas buscam qualificar, mas muitas têm a visão errônea.
“Quero um deficiente que tenha a menor deficiência possível para que ele não precise fazer grandes mudanças na empresa. Aí tu deixas fora do mercado cadeirantes, deficiente visual, auditivo e todos os outros. Existem diversos profissionais que têm capacidade extrema de serem inseridos, mas não são por essas questões”, disse.
Para Jean Martins, assim como é preciso qualificar o empregado, também é necessário trabalhar o empresário e instruí-lo para que ele entenda que dentro da empresa é possível ter um deficiente visual que pode ser um recepcionista ou telefonista. Hoje existem programas que auxiliam esse público, com o DOXVOX.
“Você pode ter um deficiente auditivo para ser um motoboy, por exemplo, basta qualificar seus colaboradores. São essas situações que precisam fazer com que o empresariado local tenha outra visão daquilo que é uma pessoa com deficiência, porque, às vezes, eles a acham inapta”, frisou.
PÚBLICO – Os órgãos públicos também contratam pessoas com deficiência. O Governo do Estado tem 308 servidores ativos com deficiência. Já a Prefeitura de Boa Vista possui o total de 140 servidores com deficiência em seus quadros. “Em todos os concursos realizados pela atual gestão, é respeitado o quantitativo previsto em Lei”, informou a administração municipal. (A.G.G)