Durante a semana que antecede o Natal, os residentes da Casa do Vovô receberam uma programação alusiva à data. O primeiro evento foi uma confraternização na quarta-feira, 21, com ceia e entrega de presentes pelos padrinhos e comunidade. Cada morador recebeu de três a quatros presentes. Já na sexta-feira, 23, houve a apresentação de coral e orquestra dos alunos das escolas Vanda Pinto da Silva e Severino Cavalcante.
Conforme a gerente da unidade, Célia Faria, a maioria dos idosos não possui mais família ou perderam contato. “São pessoas em situação de vulnerabilidade social que não possuem uma pessoa de referência para dar o cuidado”, disse.
A assistente social Helena Azevedo explicou que, além da idade avançada, a maioria tem a saúde fragilizada e sequelas de um AVC. “A família não tem uma estrutura que os comporte dentro da sua dinâmica, eles ficam numa situação vulnerável e vêm pra cá”, explicou.
Atualmente, 33 idosos moram na Casa do Vovô, sendo 29 homens e quatro mulheres. No local, eles recebem todo acompanhamento médico e social necessários. Às vésperas do Natal, após a semana de confraternização, eles se recordam de suas histórias de vida e desejos para o futuro.
Para o ex-eletricista Reneê Pereira da Silva, de 65 anos, o desejo do Natal é receber alta do tratamento que faz há cerca de um ano, quando chegou ao Estado. Nascido em Sapé, zona da mata, no interior da Paraíba, ele relatou que veio para Roraima a trabalho. Contente com os presentes que ganhou, ele disse que, além de três relógios, também foi presenteado com roupas. “Quando eu receber alta, volto para casa, minha família toda está na Paraíba”, frisou. Em Roraima, ele mantém contato com a ex-mulher e os três filhos.
Quem também acredita que o Natal vai ser bom é o aposentado Manoel Rodrigues do Nascimento, de 87 anos. Nascido no interior do Amazonas, na região do rio Purus, ele começou trabalhando com agricultura, junto ao pai. Quando foi para Manaus, trabalhou em pescaria por 14 anos. Após enjoar da profissão, ele estabeleceu e seguiu carreira na construção civil.
Na década de 90, Manoel foi apresentado um garimpeiro do Pará, que conhecia parte da região garimpeira do Norte e que queria vir para Roraima. Arrependido, ele ressaltou que após muita insistência decidiu acompanhar o garimpeiro. “Quando chegamos na Vila do Equador, a Federal estava acabando com o que era pista do garimpo, isso no dia 27 de agosto de 1991”, pontuou.
Na época, ele começou a trabalhar na roça por dois anos. Foi durante o trabalho que ele sofreu um derrame e foi transferido para Boa Vista. Em 1993, o aposentado deu entrada no Hospital Geral de Roraima. Conforme relato, à época, a unidade do abrigo era localizada no bairro São Vicente, zona Sul. Lá, ele passou oito anos e sete meses.
Sem contato com a família e sem filhos, Manoel disse, sorrindo, que o Natal junto à família seria melhor, “mas quando a gente não tem mais, passa com os estranhos”. Apesar de tudo, Manoel se emocionou ao falar que no abrigo ele é tratado muito bem por um anjo chamado Célia.
VISITA – Os interessados em presentear os residentes da Casa do Vovô ou realizar uma visita podem entrar em contato com a gerente da unidade, Célia Faria, pelos números 98402-4384 e 99119-4688. (A.G.G)