Cotidiano

Hospital de Campanha será instalado na Terra Yanomami

Unidade de saúde será montada na base do Surucucu, referência no tratamento de doentes na reserva, e deve desafogar demanda na Casai-Y.

Um hospital de campanha será instalado na Terra Yanomami para diminuir a demanda na Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai-Y) e Hospital da Criança Santo Antônio, ambos em Boa Vista. A intenção é evitar que os doentes mais graves precisem ser transferidos para a capital. A data de inauguração não foi informada.

A notícia foi divulgada em coletiva com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, na tarde desta segunda-feira (6). Atualmente, a Casai-Y está com 598 indígenas, entre doentes e acompanhantes. Segundo o Ministério da Saúde, a unidade chegou “no limite”. Além disso, há 50 crianças Yanomami no hospital infantil, sendo que quatro estão na UTI.

Ernani Santos, coordenador do Centro de Operação de Emergências em Saúde Pública (COE – Yanomami), informou que ao longo desta uma equipe irá à região para iniciar o processo logístico de montagem desse hospital. 

“A gente está entendendo que a demanda vai aumentar e é de suma importância que a gente comece a fazer um plano de contingência e consiga segurar essas crianças mais lá em cima. Então, a intenção nossa é justamente que esse hospital possa dar esse suporte, até porque, hoje, um terço das internações no Hospital da Criança aqui do município, são do Yanomami. E a Casai também já está no seu limite. Então, a gente precisa fortalecer lá em cima para evitar essas decidas”, informou.

Sônia Guajajara está em Roraima desde sábado (4) para acompanhar as ações realizadas na Terra Yanomami. Em 21 de janeiro, o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) diante da necessidade de combate à desassistência sanitária. Já no dia 30 do mês passado, o presidente Lula determinou à Aeronáutica o controle aéreo do espaço, que servia como principal meio de abastecimento do garimpo ilegal e transporte de pessoas. Por conta disso, os mineradores ilegais começaram a fugir a pé ou em embarcações lotadas.

A ministra sobrevoou o território neste fim de semana, e disse que a área está tomada pelo garimpo. Devido a situação de desabastecimento dos acampamentos, Guajajara afirmou que há risco de que garimpeiros ofereçam objetos em troca das cestas básicas entregues pelo governo federal e as doadas por outras organizações.

“No sobrevoo que a gente fez, tentamos pousar em dois lugares, não conseguimos por conta da insegurança. Muitos garimpeiros ali dentro. Visivelmente ali sabendo que está tendo essa determinação para a retirada deles e estão fugindo de garimpos menores e se concentrando em uma área maior de garimpo”, disse.

Maior reserva indígena do país, a Terra Yanomami possui cerca de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Roraima e Amazonas. São ao menos 371 comunidades e quase 30 mil indígenas. 

A exploração ilegal de minérios na região é apontada como um dos principais fatores da crise sanitária e humanitária que assola o território.