Cotidiano

Feirantes denunciam acampamento de indígenas próximo à Feira

Segundo os comerciantes, os indígenas estão constantemente alcoolizados e causando perturbação da ordem pública

Um grupo de indígenas acampado do lado de fora da Feira do Produtor, próximo ao viaduto Pery Cardoso Lago, no bairro São Vicente, foi alvo de reclamações de produtores à Folha. De acordo com eles, cerca de 20 pessoas estão há mais de uma semana ingerindo bebida alcoólica no local e estariam entrando alcoolizados nas dependências da feira. 

Enquanto conversava com os feirantes, a equipe da Folha flagrou os indígenas brigando entre si. Algumas mulheres estavam despidas e andavam em direção aos carros. Parte do grupo apresentava machucados, possivelmente devido à presença de garrafas de vidro quebradas. 

O administrador da Feira do Produtor, Nadson Barbosa, disse que não é a primeira vez que o grupo ocupa o local. “Todos os meses é o mesmo problema. Tentamos abordagens com o tuxaua, que é a figura que representa o grupo, mas infelizmente, devido à embriaguez, o diálogo fica impossível”, explicou.

Jeferson Fernandes trabalha na feira e diz que compreende de forma fluente o idioma falado por eles. Conforme o que ele apurou, os indígenas caminharam cerca de sete dias de Mucajaí até Boa Vista para sacarem um benefício. “Eles possuem documentação e todos os registros legais para realizarem o saque. Das 20 pessoas do grupo, cerca de oito sacarão o dinheiro. Uma delas é a esposa do tuxaua, que não está sóbria” explicou.

FUNAI – A Fundação Nacional do Índio (Funai), cuja missão institucional é proteger e promover os direitos dos povos indígenas, que são tutelados pelos órgãos, não informou se fará alguma ação específica em relação ao grupo. A fundação enfatizou que o uso prejudicial de álcool é uma questão de saúde e que as instituições que atuam diretamente com essa questão são a Rede de Atenção Psicossocial de Saúde Mental e os Distritos Sanitários, ambos subordinados ao Ministério da Saúde. 

Ainda na nota, o órgão informou que seu papel é o de “acompanhamento e de promoção da interlocução entre os entes” e que promoverá uma reunião na próxima semana sobre o assunto com as instituições de saúde de Roraima.

Feirantes afirmam que crianças indígenas consomem bebidas

O representante da feira denunciou que não são apenas os adultos que consomem bebidas alcoólicas, mas também crianças e idosos. Também explicou que as crianças pedem alimentos e que correm risco de acidentes, pois é comum, conforme o relato, o grupo transitar em meio aos carros.

 “Todos ingerem bebidas. Quando conseguimos colocá-los para fora da feira, as crianças ficam jogando pedras de volta. Já avisamos à Funai, chamamos a Polícia Civil, a Força Nacional e até a Guarda Municipal, mas a situação foge de fato do controle”. 

A feirante Francilene dos Santos disse que as crianças indígenas chamam as vendedoras de mãe e pedem alimentos. “Muitos encostam na banca e pedem por goma ou farinha. Mesmo que a gente diga que não tem, eles insistem e só saem quando recebem os produtos. Algumas crianças também apresentam comportamentos abusivos para a idade, assediando sexualmente as feirantes”, disse.