Cotidiano

Estudantes de Roraima apresentam pesquisa com tucupi negro em Recife

Os alunos, de 9 anos, pesquisaram um conservante natural de carnes à base de tucupi

Três alunos do 4º ano da escola Anjo da Guarda, serão os representantes de Roraima no Nordeste, a Fenecit, que acontece esta semana em Recife (PE). A pesquisa dos mini cientistas descobriu que o tucupi negro é uma alternativa natural de um conservante de carnes.

O trabalho científico dos pequenos pesquisadores, Alice Vanderlei, Maria Luísa Sales e Heitor Martins, é uma das 10 pesquisas do país selecionadas para participar do evento em Pernambuco que é realizado anualmente há 18 anos e recebe projetos de pesquisa em diversas áreas, desde que sejam realizados por jovens cientistas da Educação Infantil ao Ensino Técnico.

Ao lembrar do processo de produção das análises, a aluna Maria Luísa conta como foi interessante descobrir que o tucupi negro vem da mandioca e como ele é preparado. “Eu também descobri que quase todas as tribos indígenas não possuem energia elétrica para refrigerar ou congelar alimentos, e que a gente pode ajudar com o nosso projeto”, completa.

Heitor destacou o tipo de metodologia utilizada no estudo, que foi a pesquisa experimental. E Alice comentou sobre o resultado da pesquisa. “Descobrimos que o tucupi pode melhorar o sabor das carnes e reforçar o uso dele como condimento. E como usar essas carnes? Isso será analisado em uma próxima etapa da pesquisa”, conta Alice.

A equipe de Roraima está concorrendo na feira de Recife onde serão escolhidos os melhores do ensino fundamental I. Se ficar entre os três primeiros colocados, pode representar o Brasil em uma feira internacional. Os alunos também já se classificaram para se apresentar na Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic) deste ano, que acontece em novembro, em Santa Catarina.

A PESQUISA

O orientador do trio de cientistas, professor Franco Marval, explica que durante três semanas os alunos analisaram o comportamento de carnes vermelha, de frango e de peixe imersas no tucupi negro. Segundo ele, as três amostras pesavam 75g no seu estado in natura e que depois de ficaram esse mergulhadas em 200ml de tucupi terminaram com 66g cada uma.


Orientador do trio de cientistas, professor Franco Marval (Foto: Divulgação)

“Observou-se mudanças significativas na estrutura, na eficácia de conservação e na quantidade de capacidade da referida substância. Em suma, o líquido evitou que as três amostras de carne se deteriorassem, prolongou sua vida útil e preservou quase a totalidade de suas propriedades físicas iniciais, evitando assim que microrganismos ou processos de oxidação as alterassem, explicou o orientador da pesquisa.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA

A diretora da escola Anjo da Guarda, Cidália Carramilo, ao comentar a participação dos alunos em mais uma feira, ela informou que a unidade escolar, desde 2018, instituiu um Programa de Iniciação Científica, como forma de estimular as crianças na busca pela ciência e pesquisas.

“É necessário investir nas nossas crianças até porque no Brasil os projetos científicos estão parados e nós precisamos incentivar essa nova geração para que sejam cientistas e pesquisem mais”, ressalta.


É terceira vez que os projetos do Anjo da Guarda são selecionados e premiados em feiras nacionais e internacionais (Foto: Divulgação)

Após a criação do programa na escola, essa é terceira vez que os projetos do Anjo da Guarda são selecionados e premiados em feiras nacionais e internacionais. “Todas as pesquisas da nossa escola priorizam o estudo de produtos típicos da nossa região [amazônica e roraimense]”, ressaltou.