Keyth Lyra Costa, 41 anos, teve a rotina totalmente alterada depois dos 36 anos. Casado e pai de um menino, ele levava uma vida normal e independente. Mas há cinco anos, foi infectado por um fungo, o que fez com que perdesse a visão. “No começou a adaptação foi muito difícil. Mas, com a ajuda da minha esposa e o suporte que tenho no CAP [Centro de Apoio Pedagógico para Deficientes Visuais], fui aprendendo a lidar com a nova rotina”, disse.
Hoje ele está no 8º semestre do curso de Direito, com aulas na faculdade à tarde e, pela manhã, atividades no Centro de Apoio Pedagógico para Deficientes Visuais (CAP-DV). “No CAP eu tenho aulas de informática, leitura e escrita em braile e aulas de Convivência”, disse. Na aula de Convivência, os alunos recebem treinamentos de como caminhar, fazer atividades de rotina como cozinhar e executar demais tarefas de casa. “Nessa disciplina é estimulada a independência deles”, afirmou a diretora do CAP-DV, Sulivanha Sousa.
Para lembrar o Dia Nacional do Braile, 8 de abril, o CAP-DV organizou o evento “Ler é direito de todos” para esta sexta-feira, em comemoração à data. A finalidade é reforçar a importância que a escrita Braille tem para o deficiente visual. “Também é uma data que queremos parar para fazer uma reflexão em que a educação, a empregabilidade e a inclusão social das pessoas cegas e com baixa visão sejam avaliadas e novos rumos apontados”, ressaltou Sulivanha.
O CAP-DV atende 20 pessoas cegas ou com baixa visão. Dentre elas, há sete crianças recém-nascidas há 8 anos com baixa visão que fazem estimulação visual para não perderem totalmente a visão. “A estimulação é para que elas tenham memória visual”, comenta Sulivanha. As crianças têm aula uma vez por semana com duração de uma hora. Já os adultos vão ao Centro duas vezes por semana, totalizando quatro horas de aula.
Nesse local eles têm aula de leitura e escrita em Braille, matemática (soroban), informática e convivência. O Braille foi inserido na educação de Roraima no ano de 2001, por meio do CAP-DV, vinculado à Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed). É um sistema de leitura para cegos, utilizado por meio do tato. O sistema foi criado pelo francês Louis Braille, que perdeu a visão aos três anos de idade. Os símbolos formados representam as letras do alfabeto, números, simbologia aritmética, fonética, musicografia e informática.
O Centro atende pessoas com deficiência visual e surdo cegueira. Os serviços oferecidos são apoio pedagógico para professores, atendimento especializado, atendimento com reabilitação, formação continuada, oficinas pedagógicas, produção de placas em Braille e exposição e palestras sobre deficiência visual.
BRASIL – No País, o Dia Nacional do Braille entrou em vigor no dia 8 de abril de 2010, para homenagear o dia do nascimento do primeiro professor cego brasileiro, José Álvares de Azevedo. Cego desde o nascimento, José Álvares estudou o método em Paris. De volta ao Brasil, ele ensinou e difundiu o método Braille.
PROGRAMAÇÃO – O evento para marcar a data será realizado na Praça da Bandeira, no bairro São Pedro, a partir das 19 horas desta sexta-feira, 8. Haverá exposição de materiais adaptados e filmes com autodescrição, stands para oficina de leitura e escrita em braile, além de apresentação cultural com músicas e poesia.
CURSO – O CAP-DV está com inscrição aberta até sexta-feira, 8 de abril, para o curso de Capacitação em deficiência visual. As vagas são para os turnos manhã, tarde e noite. A carga horária será de 160 horas. O participante pagará somente a apostila no valor de R$ 35,00. A inscrição deve ser feita no próprio CAP-DV, na Avenida Santos Dumont, no bairro São Pedro, no horário da manhã e tarde. O curso começa no dia 25 de abril.