Cotidiano

Estrangeiros buscam emprego em Roraima

Imigrantes chegam em número cada vez maior e começam a ocupar mercado de trabalho principalmente no comércio

Está se tornando normal entrar em uma loja, restaurante ou supermercado em Boa Vista e deparar-se com um atendente com sotaque estrangeiro, meio “portunhol”. Isso é devido à chegada de um grande número de imigrantes, com idade de 20 a 40 anos, de várias nacionalidades que buscam emprego em Roraima. 

Vários deles já estão trabalhando nos comércios de Boa Vista. A Folha conversou com donos e gerentes de três empresas sobre a mão de obra de estrangeiros e eles afirmaram que a dedicação é um ponto forte destes trabalhadores para que sejam contratados.

O empresário Marcelo Nunes, dono de supermercado, disse que contratou um venezuelano para trabalhar como repositor depois de analisar seu currículo e verificar que todos seus documentos de permanência no Brasil estavam em ordem. “São pessoas bem dedicadas ao trabalho e demos essa chance para entrar no mercado de trabalho depois de verificar todos os seus documentos”, disse.

O gerente de venda das Brasferro, Carlos Assunção, disse que a procura de empregos por imigrantes na empresa tem aumentado nos últimos meses. Quase todos os dias aparecem estrangeiros à procura de emprego, a maioria da Venezuela, mas tem também de Cuba, Haiti e de países africanos. “Essa imigração tem aumentado bastante. Eles chegam com toda a documentação e com currículo”, disse.

Ele afirmou que a empresa na qual trabalha tem apenas um estrangeiro no quadro de servidores e não contrata mais devido ao período de recessão do País. “A oferta de empregos não está boa no momento e o mercado de contratações não está aberto devido a essa crise que assola o País”, frisou.

Dos estrangeiros que procuraram a empresa, Assunção disse que a grande maioria vem da Venezuela, onde passaram um período e saíram de lá à procura de novos horizontes devido à crise financeira e política que vive hoje o pais vizinho.

A assistente jurídica da rede de supermercados Goiana, Rita de Cássia, informou que a empresa recebe muitos currículos desde 2014, em especial de cubanos, mas que essa demanda tem aumentado nos últimos três ou quatro meses com a presença maciça de venezuelanos. Ela afirmou que aproximadamente 60 estrangeiros já foram contratados pela empresa. “Inclusive hoje temos mais de 40 currículos, sendo 20 de venezuelanos e mais 20 de cubanos, nigerianos e haitianos”, disse.

Entre os critérios para seleção, Cássia informou que o entendimento da moeda e do idioma definem os contratos para operadores de caixa ou balcão de padaria. Quando demonstram pouco conhecimento destes itens, são contratados para empacotadores, serviços gerais e atendimentos. “Uns não sabem falar nada de português ou mesmo o ‘portunhol’, então fica difícil ser aproveitado no mercado de trabalho”, disse.

Mas o principal problema na contratação dos estrangeiros, segundo ela, é o tempo de serviço que passam na empresa. “Embora sejam pessoas dedicadas, simpáticas e compromissadas com o trabalho, geralmente, quando muito, eles passam o período de experiência”, disse. “Uns por não se adequarem ao trabalho, mas a grande maioria sai para procurar melhores oportunidades em outros estados e até em ouros países. Mas temos um cubano que já vai fazer um ano que trabalha na empresa”.

Ela ressalta que todos que procuraram a empresa estavam legalizados no País e apresentaram a documentação necessária. “Inclusive, todos têm formação acadêmica”, afirmou. A Folha tentou gravar entrevista com duas estrangeiras que trabalham na rede de supermercados, mas elas preferiram não falar. (R.R)

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.