Cotidiano

Endividamento das famílias brasileiras bate recorde ao atingir 51,2%

O endividamento total sobre a Renda Nacional Disponível Bruta das Famílias passou de 50,4%, em setembro, para 51,2%, em outubro

Apesar da mudança na metodologia de cálculo do endividamento das famílias, o Banco Central registrou um novo percentual recorde de comprometimento da renda dos brasileiros com empréstimos. Em grande parte, a explicação está no fato de a inflação corroer o poder de compra da população e forçar o BC a elevar os juros, aumentando o custo do crédito.

Conforme dados divulgados ontem pela instituição, o endividamento total sobre a Renda Nacional Disponível Bruta das Famílias (RNDBF) passou de 50,4%, em setembro, para 51,2%, em outubro, o maior patamar da série histórica da autoridade monetária, iniciada em janeiro de 2005.

No acumulado do ano, o endividamento cresceu 9,2 pontos percentuais no indicador que calcula a relação entre o saldo dos financiamentos, incluindo o imobiliário, em relação à renda familiar acumulada em 12 meses. Conforme os dados do BC, o comprometimento da renda, de 27,9%, considerando os dados dessazonalizados, também é recorde desde o início da série histórica, em março de 2005.

A nova forma de cálculo adotada pelo BC inclui receitas extraordinárias além da massa salarial familiar calculada pelo IBGE. Com isso, estão incluídos na conta, por exemplo, o 13º salário, as horas extras e o auxílio emergencial concedido durante a pandemia da covid-19, que socorreu mais de quase 68 milhões de brasileiros em 2020, público que foi reduzido em 2021.

Com isso, a base para o cálculo da taxa de envidamento aumentou e, consequentemente, a taxa de endividamento, diminuiu. Na série anterior, no último dado disponível, de agosto, o endividamento das famílias também havia sido recorde e atingido 59,9% da massa salarial acumulada em 12 meses.

“A mudança da metodologia é importante porque o auxílio emergencial teve um peso importante na composição da renda das famílias durante a pandemia. O importante é que o endividamento das famílias, continua elevado”, alertou Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Fonte: Correio Braziliense