Cotidiano

Empresas têm até dia 15 para apresentar proposta à Aneel

Medida é uma das etapas do leilão para aquisição de energia e potência elétrica e é voltada para atendimento ao consumidor do Estado

As empresas interessadas em gerar energia elétrica para Roraima podem apresentar propostas de negócio para a Eletronorte até 15 de fevereiro, segundo edital publicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A medida foi divulgada quarta-feira, 6, e atende diretrizes estabelecidas pela portaria do Ministério de Minas e Energia (MME) de dezembro do ano passado.

A chamada pública para seleção das companhias é uma das etapas do leilão para aquisição de energia e potencia elétrica e é voltada para o atendimento ao mercado consumidor do Estado. O processo é uma forma alternativa de comprar energia, já que Roraima não é ligado ao sistema nacional e ainda depende do abastecimento da Venezuela.

O processo em si, também chamado de “leilão para suprimento a Boa Vista e localidades conectadas”, está previsto para ser realizado em 16 de maio deste ano.

De acordo com a chamada pública, serão avaliados apenas os projetos já cadastrados para o leilão ou que atendam ao prazo para cadastro e entrega da documentação exigida, que se encerra às 12h de 15 de fevereiro. O cadastramento das empresas interessadas na chamada pública deverá ser realizado até as 18h de 21 de fevereiro.

Outras instruções complementares para elaboração e apresentação de propostas estão contidas em documentos disponibilizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) nos sites www.epe.gov.br e www.eletronorte.gov.br, no link “Chamada Pública”.

Roraima Energia, Eletrobras Distribuição Roraima e Eletronorte: entenda a diferença

Para melhor compreender o processo de leilão, aquisição e distribuição de energia, o diretor de Relações Institucionais da Roraima Energia, Anselmo Brasil, explicou à Folha as diferenças de cada atividade.

Ele explica que em agosto do ano passado ocorreu o leilão da Eletrobras Distribuição Roraima, uma distribuidora de energia. O consórcio que integra as empresas Oliveira Energia e Atem arremataram a empresa, que passou agora a se chamar Roraima Energia.

 A Roraima Energia, assim como era a Eletrobras Distribuição Roraima, é uma distribuidora de energia. Ou seja, tem como função comprar energia no mercado e revender, não gerar. Porém, por conta de características locais, a companhia acaba ficando responsável também pela geração, o que não acontece nas demais regiões do País.

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“Pelo Estado estar em um sistema isolado ainda não ligado ao sistema nacional, a Roraima Energia tem que operar com itens de geração até que venha a linha de transmissão nacional ou de produtores independentes, conforme uma determinação do governo federal”, informou Brasil.

O diretor afirma ainda que atualmente a situação da Roraima Energia é de compra de energia da Eletronorte que vem da Venezuela e da locação de energia, que no caso é fornecida pela própria Oliveira Energia.

“A Oliveira já tinha a parte de locação de equipamentos na empresa antes do processo e a Atem já fornecia também o combustível antes de ganhar a licitação”, completou.

Interligação ao sistema nacional pode demorar três anos

O diretor avaliou que o leilão de fontes alternativas é positivo e não significa que a interligação de Roraima com o sistema nacional esteja sendo deixado de lado. Trata-se, segundo ele, apenas de uma forma “alternativa” de gerar energia para o Estado.

“É uma coisa boa que está acontecendo no Estado. Em um futuro bem próximo, vamos ter a diversificação das fontes de energia. É algo de muito ineditismo, mas muito bom para Roraima, bom para o Brasil e para o meio ambiente”, frisou.

Anselmo Brasil completa ainda que com o leilão ocorrendo em maio, ainda deve levar de um ano a um ano e meio para os empreendimentos estarem em plena operação.  Já a interligação ao sistema nacional está prevista para demorar mais a ocorrer.

“A linha de transmissão que ligará Boa Vista a Manaus e, por conseguinte, ao sistema nacional, é uma obra que quando iniciada deve levar entre dois anos e meio a três anos para execução. Acho que o que é mais importante são as negociações para que a discussão se inicie”, alertou.

Com a geração de energia de fontes alternativas e a interligação ao sistema nacional, a Roraima Energia poderá comprar a energia que lhe for conveniente, sem uma excluir a outra.

“Ela pode comprar energia de um gerador de Minas Gerais, de São Paulo e trazer para chegar aqui. O produtor independente de Roraima também pode ser usado e até vender para outros Estados. Vai estar interligada, vai usar energia e vai ter energia suficiente para usar ou exportar”, declarou.

O diretor ressaltou ainda que, em caso de suspensão da transmissão de energia da Venezuela, as termelétricas poderão gerar o suficiente para manter o Estado.

“A operação triplica, são mais caminhões vindo para cá trazendo diesel, mas não fica comprometido”, completou. “Boa Vista é a única capital no Brasil que tem geração própria, nenhuma outra tem capacidade para atender a sua demanda. É um sinal claro de que, se a Venezuela sair, nós temos como atender”, frisou.