Cotidiano

Empresários cobram providências sobre crianças na rodoviária

Documento foi protocolado no Ministério Público do Estado, Vara da Infância e Juventude e Conselho Municipal dos Direitos da Criança

Representantes de quatro empresas de transporte e turismo protocolaram sexta-feira, 29, um documento no Ministério Público de Roraima (MPRR), Vara da Infância e Juventude e Conselho Municipal dos Direitos da Criança para que sejam adotadas medidas no intuito de tutela e retirada de crianças dos terminais de embarque e entorno do terminal rodoviário de Boa Vista.

O texto informa que a maioria das crianças é venezuelana e explica haver “total omissão familiar e clara ausência do referido Poder, uma vez que a movimentação de veículos de grande porte – ônibus – naquela localidade acarreta real e grave risco à vida e integridade física no âmbito da infância”.

O documento é assinado por Renildo Lima e Silva, representando a Asatur, Maria Helena Lima, em nome da Caburaí Transportes, Remídio Monai, da Amatur Turismo, e Edson Angelo Ferreira, da Solimões Transportes.

“Está tendo um grande número de crianças e nosso medo é ocorrer um acidente e alguém ser atropelado”, disse Monai. “Às vezes, na hora de sair de ré, os motoristas não têm uma visão total de quem está atrás e estamos pedindo socorro aos órgãos responsáveis”, completou.

MINISTÉRIO PÚBLICO – Por nota, o Ministério Público informou que recebeu a denúncia na sexta-feira e irá analisar o caso para, posteriormente, adotar as medidas cabíveis.

VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE – A chefe da Divisão de Proteção da Vara da Infância, Lorrane Costa, conversou com a Folha por telefone e informou que o documento ainda não foi enviado ao órgão, mas disse que há fiscalizações costumeiras no local e, inclusive, fotografia e vídeos das crianças.

“Nós já vimos que são famílias e algumas até ficam distantes dos pais quando estão naquela região das lanchonetes e as crianças ficam pedindo a quem está nos caixas eletrônicos. São moradoras de rua e se alimentam na rodoviária, pois lá atrás há uma estrutura com barracas para passarem a noite e também é oferecida alimentação”, afirmou Lorrane.

Ela contou ainda que é difícil retirar as famílias do local porque a grama é a “residência” daquelas pessoas. Por ser uma zona de vulnerabilidade, fica difícil lidar com a situação, bem como extinguir não é uma tarefa fácil. Mas a população pode ajudar não dando dinheiro para as crianças, o que pode fazer as famílias saírem do local onde há constante movimento de ônibus.

CONSELHO MUNICIPAL – O Conselho Municipal dos Direitos da Criança informou que ainda não havia recebido o documento, mas que de qualquer forma, a retirada das crianças do local é uma intervenção que deve ser tomada pelo município e que, portanto, não tem poder para tal ato. Afirmou ainda que seria preciso saber o que a Secretaria de Gestão Social está fazendo para lidar com a situação de vulnerabilidade das crianças.

Entramos em contato com a assessoria da Prefeitura de Boa Vista, mas não obtivemos resposta até o fechamento desta matéria.