Cotidiano

Em Roraima, mulheres buscam igualdade em setor

Empreendedoras roraimenses são mais escolarizadas e demonstram vontade de crescimento; números mostram busca pela igualdade no ramo

Em alusão aos desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a data do Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, celebrado nesta segunda-feira, 19. Já são 5.052 empreendedoras mulheres em Roraima, com o número que tende a crescer cada vez mais.

O número de empresárias roraimenses é quase igualitário aos homens, que representam 5.729 empreendedores formalizados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No Brasil, as mulheres empreendedoras já ultrapassaram os homens e somam 51,5% dos empreendedores nacionais.

Uma delas é Jandilina Sales, que não tinha nenhuma experiência no mercado de trabalho e procurou se profissionalizar após perceber, junto com o marido, que poderia conseguir melhorar as condições financeiras da família. Em 2016 abriu a uma loja de roupas em um shopping da capital e desde então passou a expandir.

Apenas um ano depois, conseguiu abrir uma franquia de uma marca de maquiagens, que foi destaque nacional como uma das cinco mais rentáveis. Em menos de um ano, adquiriu um espaço dedicado às crianças e, por fim, inaugurou um restaurante. “Consegui crescer e ofertar muitas vagas de emprego, mais de 40. Meu marido continua na base aérea e eu administro tudo”, contou.

Jandilina apontou que a maior dificuldade que encontra é conseguir conciliar todas as empresas e a família. “Não deixei de ser mãe, dona de casa e motorista dos filhos. A gente vai conciliando, mas sempre com ajuda das pessoas que trabalham comigo”, ressaltou. A empresária enfatizou que o empreendedorismo é importante para o desenvolvimento do estado, principalmente por proporcionar uma diversidade nos produtos e necessidades dos consumidores.

ORIENTAÇÕES – A proprietária relatou que orienta as mulheres que têm interesse em empreender, que procurem se profissionalizar. Entretanto, Jandilina afirma que as dificuldades são grandes e é importante não se abalar. “Tem que trabalhar, mas vale a pena. Não dá para desistir. Os desafios não são fáceis, mas tem que correr atrás e ter paciência. Saber que vai investir e não vai ter dinheiro logo no primeiro ano, não é assim que funciona”, encerrou.

Procura pela independência é principal motivo da busca do empreendedorismo

Mesmo com o crescimento positivo, ainda há algumas barreiras durante o processo de iniciar o projeto de empreender no país. Geralmente, o perfil feito das empreendedoras demonstram que as mulheres são mais qualificadas que os homens, porém, ainda falta inovação nas atividades desenvolvidas por elas.

“Elas são mais escolarizadas que eles, mas elas não conseguem ter um empreendimento inovador, geralmente vão para o setor de salão de beleza, lojas de roupas, acessórios… então basicamente vão para o mesmo ramo. O que mostra que elas têm mais dificuldades para fazer os negócios prosperarem”, disse a gerente da unidade de capacitação empresarial e cultura empreendedora, Itamira Soares.

Parte desses problemas está na dupla jornada de trabalho, com a administração dos negócios e também do cuidados domésticos, o que dificulta para a dedicação integral. Além disso, Itamira apontou que as mulheres são as menos inadimplentes, mas que pagam mais taxas de juros por falta de conhecimentos técnicos na área.

De acordo com a gerente, as empreendedoras iniciam as atividades em quatro principais atividades econômicas, que são se serviços domésticos, cabeleireiro, comércio varejista de roupas e refeições, enquanto os homens fomentam outras atividades mais inovadoras. Contudo, as mulheres passam a empreender mais porque querem buscar independência financeira e autonomia própria.

“Elas deixam de ficar debaixo das asas dos maridos e vão atrás de terem o próprio ganho. Hoje as mulheres estão mais empoderadas, querem ter o seu sustento, não querem mais ficar na dependência. É ter autonomia financeira”, completou. Na visão da gestora, é possível que as mulheres em Roraima ultrapassem o número de empreendedores formalizados.  (A.P.L)