Eduardo Amaro é Doutor em Literatura e Vida Social pela UNESP (2018) e Pós-doutor pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), onde atua como professor adjunto. Seu trabalho acadêmico se aprofunda em estudos bakhtinianos e junguianos, refletindo diretamente nas camadas simbólicas de sua literatura. Morou em Marília por muitos anos, onde cursou Jornalismo, antes de fazer a faculdade de Letras em Assis.
Além da docência em disciplinas como Filologia Românica, Cultura Latina e Análise do Discurso, Amaro também pesquisa as intersecções entre mitologia clássica e a literatura contemporânea — um tema que permeia toda a sua obra de ficção.
De fanzines de terror e heavy metal à mitologia celta
A trajetória literária de Amaro teve início nos fanzines de horror e música pesada dos anos 1990, como Juvenatrix e Na Calada da Noite, do qual foi fundador. Nessa fase, publicou contos como “Lua, Perversa Lua”, que mais tarde será adaptado para romance. A atmosfera dark e sombria desses contos é uma marca ainda presente em sua escrita.
A virada temática ocorreu com o projeto multimídia “Alma Celta”, lançado pela Editora Leya em 2014, durante a primeira edição da Comic Con Experience (CCXP). O livro-álbum, em colaboração com o baterista Marcelo Moreira (ex-Almah, atual Circle II Circle) e demais integrantes do Marmor, combinou literatura, música e ilustração para narrar a jornada do bardo celta Amergin, inspirado na mitologia irlandesa.
Um novo herói e um novo portal para o Marmorverso
Em “O Diário de Solomon Don Dunce”, Amaro apresenta um novo protagonista: Michael, um adolescente comum que se vê envolvido em um destino épico e repleto de magia. Ao encontrar um diário encantado, Michael torna-se o eixo de uma batalha mítica entre forças luminosas e sombrias, enfrentando o misterioso Baal e atravessando paisagens simbólicas como o Vale das Lágrimas.
O livro é estruturado como uma fábula moderna, onde a magia serve de metáfora para decisões morais e crescimento pessoal. A narrativa, segundo o autor, busca inspiração em autores como Edgar Allan Poe, Ursula K. Le Guin, Michael Ende, H. P. Lovecraft e Stephen King, além de recorrer a arquétipos presentes na psicologia analítica de Jung.
Literatura, simbologia e identidade nacional
Como autista, o escritor promove a diversidade e traz consigo a premissa da superação. Amaro defende uma literatura fantástica enraizada na simbologia universal, mas com identidade própria. O Marmorverso, nesse sentido, propõe uma fantasia autoral brasileira, ainda que aberta ao diálogo com tradições celtas, góticas e latinas. Outros livros que estão em desenvolvimento incluem os romances “Lua, Perversa Lua”, “Sombras de Mim” e “A Ascensão da Raposa Soturna”, todos ambientados no mesmo universo, mas com focos narrativos distintos — variando do horror psicológico à ficção simbólica.
Repercussão e impacto cultural
A proposta de Eduardo Amaro encontra respaldo em um cenário cada vez mais receptivo à fantasia de autor brasileiro. A influência da CCXP, o crescimento dos leitores de fantasia no Brasil e o fortalecimento das comunidades de RPG e cultura geek têm ampliado o alcance de obras como a sua.
De acordo com levantamento da Nielsen BookScan, o gênero fantasia e ficção especulativa cresceu 12% em vendas no Brasil entre 2022 e 2024, com destaque para obras nacionais que se diferenciam pela originalidade e profundidade mitológica.
Leitura recomendada para…
Se você se encantou com Alma Celta, encontrará em “O Diário de Solomon Don Dunce” uma evolução natural do universo, mas a obra também é ideal para novos leitores — jovens ou adultos — que buscam histórias de formação recheadas de simbolismo, dilemas morais e elementos de suspense gótico.
FICHA TÉCNICA
Livro: O Diário de Solomon Don Dunce
Autor: Eduardo Amaro
Gênero: Alta Fantasia, Fábula Moderna, Gótico
Editora: Filos
Ano: 2025
Indicação: Jovens e adultos, fãs de Neil Gaiman, Poe, H. P. Lovecraft e fantasia simbólica.
Lançamento oficial: Na primeira semana de Setembro durante o Congresso Internacional da Abraplip.